É costume dizer-se que em equipa que ganha não se mexe. Eis um princípio que também pode ser aplicado ao T-Cross, modelo que serve de entrada à gama SUV da VW e que se renova agora com mais equipamento e pequenos ajustes que vêm enriquecer o seu posicionamento num segmento cada vez mais concorrido.
Ao atualizar o T-Cross, os responsáveis da Volkswagen optaram por uma abordagem mais centrada nos detalhes ao invés de procederem a extensas mudanças visuais, preocupando-se, sobretudo, em limar arestas em áreas específicas daquele que é o SUV/crossover mais compacto da marca alemã. Com cerca de 1,2 milhões de unidades vendidas a nível global, o T-Cross não foge ao conceito de modelo orientado para jovens famílias que passam a maior parte do seu tempo em ambiente citadino e que necessitam, também, de funcionalidade em formato compacto (4,13 metros de comprimento).
Visualmente, as grandes diferenças incidem sobre os grupos óticos, recebendo tecnologia LED de série para a iluminação dianteira e traseira (com os faróis a poderem dispor de tecnologia LED Matrix opcionalmente), ao passo que o para-choques dianteiro foi ligeiramente redesenhado. Na versão ensaiada Urban, destaque ainda para as jantes de 17”, que acrescentam agressividade ao desenho geral, e para as barras de tejadilho em preto.
Interior refrescado
A bordo, o T-Cross não muda radicalmente, mas há novos revestimentos no tablier para melhorar a sensação de qualidade geral, a qual é bastante boa graças a construção muito cuidada, invocando uma noção de solidez bem-vinda, ainda que existam muitos plásticos duros. Em matéria de tecnologia, o painel de instrumentos passa a ser digital, com ecrã de 8”, embora a opção pelo Digital Cockpit Pro traga benefícios evidentes ao nível da personalização de informações ao condutor, com um ecrã mais amplo de 10,25”.
Ao centro encontra-se um ecrã de 8” para o sistema multimédia, neste caso, o ‘Ready 2 Discover’, que permite integração sem fios com os smartphones (Apple CarPlay e Android Auto), enquanto o controlo do ar condicionado continua a ser feito de forma independente, por meio de comandos físicos (nas versões mais equipadas com botões táteis).
Boa habitabilidade
Ainda que seja o SUV mais compacto da marca, a VW não hesita em apontar o T-Cross às famílias mais jovens, justificando esse ponto com o aproveitamento generoso do espaço a bordo: quatro adultos viajam comodamente e sem apertos, com os ocupantes do banco traseiro a beneficiar de boa habitabilidade em altura e para as pernas. Além disso, o banco pode ser movimentado longitudinalmente em 14 cm, o que tem o condão de ampliar a capacidade da bagageira, mantendo os cinco lugares funcionais – varia entre os 385 e os 455 litros, naquele que é um valor bastante bom. Outra particularidade deste crossover é a de poder rebater tanto o banco traseiro como o do passageiro dianteiro, criando dessa forma um espaço em comprimento para carregar objetos mais compridos.
Motor ‘redondo’
A opção de acesso consiste no propulsor 1.0 TSI de 95 CV, o qual tem a particularidade de ser desenvolto desde baixas rotações, ajudando desta forma a uma condução mais despachada, valendo-se, ao mesmo tempo, de progressividade assinalável. Não é um motor que sirva para ‘correrias’, mas tem fôlego mais do que suficiente, tanto em cidade, como em vias rápidas, com o binário de 175 Nm logo às 1.600 rpm a facilitar no capítulo das recuperações e a ser bem aproveitado por uma caixa manual de cinco velocidades com excelente tato e relações curtas que otimizam a sua elasticidade. Neste sentido, os consumos podem ser muito sensíveis ao pisar do pé direito, mas uma condução mais ecológica pode resultar em valores na casa dos 6 l/100 km (6,6 l/100 km no teste).
O comportamento também é muito positivo, transmitindo a sensação de se estar ao volante de automóvel de segmento superior, com bons níveis de conforto suportados por agilidade apreciável fruto do ótimo acerto da suspensão. Na passagem por alcatrão mais degradado pode registar alguma secura, mas sem afetar grandemente a noção geral de solidez, a qual é reforçada pela boa insonorização.
Com lista de equipamento enriquecida, os preços do renovado T-Cross começam nos 23.602 €, embora este acabamento Urban suba a fasquia para os 26 mil euros, um valor que pode afastar alguns interessados, mas que está em linha com a maior parte dos seus rivais equiparáveis.
Texto Miguel Silva
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Fazendo da condução e da habitabilidade dois argumentos a seu favor, o T-Cross é um dos SUV do segmento B que melhor encarna a filosofia de modelo urbano versátil – está à vontade na cidade e sobressai fora dela. Com a atualização, fica mais rico no equipamento e torna-se numa proposta ainda mais tentadora e evoluída.
FICHA TÉCNICA
VW T-CROSS 1.0 TSI 95 CV URBAN
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 999 cm3
POTÊNCIA 95 CV entre as 5.500 e as 5.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 175 Nm entre as 1.600 e as 3.500 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual 5 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 180 km/h
ACELERAÇÃO 11,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,7 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 128 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.127 / 1.760 / 1.573 mm
PNEUS 205/55 R17
PESO 1.309 kg
BAGAGEIRA 385-1.281 l
PREÇO 26.074 €
GAMA DESDE 23.602 €
IMPOSTOCIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Novembro de 2023