A Volkswagen lança no mercado a oitava geração do seu modelo “bandeira”. Como em equipa que ganha não se mexe, o novo Golf parece mais do mesmo, mas será que é mesmo assim? Fomos ver o que muda a bordo do 2.0 TDI de 115 CV no nível de equipamento Life.
A carreira do VW Golf nunca correu mal. Já tem 45 anos de vida, oito gerações e um sucesso difícil de alcançar – 35 milhões de unidades vendidas em todo o mundo -, por isso o vento sopra de feição, mesmo numa altura em que domina a febre SUV.
Esteticamente, esta oitava geração é idêntica à sétima, ou seja, é uma evolução e não uma revolução. A frente revela um capô abaulado, com os faróis (nova assinatura luminosa) numa posição mais baixa, à imagem do Passat e do Arteon, e os farolins com um contorno mais recortado. De perfil, a maior diferença reside na presença do que os designers da marca denominam de “Tornado Line”, em que a reta que define a linha de cintura, unindo a dianteira e a traseira, contorna a secção traseira de forma ininterrupta.
Se do lado de fora foi simples evoluir uma herança com 45 anos, no interior a digitalização revoluciona-o. O tablier é minimalista. De série, todos os Golf montam o painel de instrumentos Digital Cockpit (10,25″) em complemento com um sistema de infoentretenimento composto por um ecrã tátil de 8,25″, que parecem unidos, criando uma nova arquitetura digital. Este último pode ser de 10” quando com o sistema Discover Pro (unidade ensaiada).
O controlo das luzes é feito através de um novo painel digital à esquerda do painel de instrumentos. Ao centro, debaixo do ecrã encontramos mais quatro botões táteis que controlam o ar condicionado, os modos de condução, as ajudas à condução e o sistema de estacionamento automático. Tudo o resto é feito a partir do ecrã principal. Ainda em relação à conectividade, estão disponíveis tomadas USB-c à frente e atrás e uma plataforma de carregamento wireless.
A posição de condução é correta e o acesso é amplo, sendo reforçado por portas de dimensões generosas.
Adeus 1.6 TDI
A VW não renunciou ao gasóleo nesta oitava geração do seu “best-seller”, consagrando-o como uma ferramenta quase perfeita para quem faz muitos quilómetros. Trata-se do 2.0 TDI de 115 CV (substitui o 1.6 TDI), que permite cumprir com as normas de emissões atuais, graças à utilização de um duplo circuito de tratamento SCR para baixar os níveis de NOx (óxidos de nitrogénio), repercutindo-se num preço mais simpático no ato da compra, com um gasto adicional de AdBlue, solução que este modelo consome.
De igual forma, registaram-se alterações significativas na câmara de combustão para uma resposta mais rápida e alguns elementos viram o seu tamanho reduzido em prol da diminuição do peso.
Ainda que anuncie um vigoroso binário de 300 Nm (a partir das 1.600 rpm), a verdade é que este 2.0 TDI acoplado a caixa manual de seis velocidades faz lembrar o… 1.6 TDI. Revela alguma falta de genica em regimes de rotação mais baixos, nomeadamente no arranque, indo “abaixo” algumas vezes e, talvez pelo facto deste novo Golf não estar tão bem isolado como antes, ouve-se ruído do motor no interior.
Como compensação, a carroçaria ganhou em aerodinâmica (o Cx. baixou de 0,29 para 0,27), facilitando todo o processo de andar bem em regimes de rotações mais elevados, situação onde este bloco se sente como “peixe na água”, proporcionando valores de consumo verdadeiramente reduzidos (4,8 l/100 km a uma média de 120 km/h). Os modos de condução permitem personalizá-lo, mas a diferença entre Eco e Confort quase não existe. Já em modo Sport parece ganhar uma nova alma.
Suspensão: mais ou menos de 130 CV
Dinamicamente, a VW criou uma divisão em termos de suspensões. Para mecânicas com mais de 130 CV, o esquema traseiro é multibraços. Abaixo desse registo aparece um eixo de torção (unidade de teste). Robusto e composto, o Golf VIII esconde bem as suas dimensões. A direção é comunicativa, ainda que lhe continue a faltar o “feeling” mais mordaz de um Ford Focus, por exemplo, mas a forma rápida e ágil como aborda as curvas transmitem elevada sensação de segurança; a tendência subviradora não se sente.
No domínio do conforto posiciona-se entre as referências, assumindo-se como uma ótima escolha. Para ajudar, o habitáculo apresenta materiais de qualidade, (apesar de os pilares A serem agora forrados a plástico), múltiplas zonas para arrumos e uma bagageira, cujo piso por ser colocado em dois níveis, com 380 litros de capacidade (o mesmo valor do modelo anterior), que o coloca no topo do segmento.
Em suma, embora o motor 2.0 TDI de 115 CV não esconda algumas limitações, a verdade é que o novo Golf não compromete, antes pelo contrário, faz bem tudo o que lhe é pedido com a vantagem de ter sido reforçado com todas as tecnologias da moda.
Texto Ricardo Carvalho
Fotos Paulo Calisto
FICHA TÉCNICA
VOLKSWAGEN GOLF 2.0 TDI 115 CV LIFE
TIPO DE MOTOR Diesel, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1968 cm3
POTÊNCIA 115 CV entre as 2.750 e as 4.250 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 300 Nm entre as 1.600 e as 2.500 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual de seis velocidades
V. MÁXIMA 202 km/h
ACELERAÇÃO 10,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 4,1 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 107 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.284 / 1.789 / 1.456 mm
PNEUS 205/55 R16
PESO 1.380 kg
BAGAGEIRA 380-1.270 l
PREÇO 30.133 €
GAMA DESDE 24.465 €
I. CIRCULAÇÃO (IUC) 224,93 €
LANÇAMENTO Março de 2020