Fiel à tradição, o renovado GR Yaris tem tudo o que é “sine qua non” a um verdadeiro desportivo, assumindo-se como um dos mais apetecíveis “pocket rocket” derivados do segmento B. Agora com mais potência e caixa automática por conversor de binário. Promete…
Leve, tração integral, caixa de velocidades manual e, agora, também com possibilidade de automática, o GR Yaris é uma máquina de condução que qualquer entusiasta dos automóveis gostaria de ter. Na verdade, não podemos deixar de saudar a Toyota que, com esta última atualização, propõe um carro ainda mais “selvagem” numa altura em que a eletrificação domina a indústria automóvel.
A razão? Akio Toyoda, também conhecido como “Masterdriver Morizo”, presidente da marca e um apaixonado pelo desporto automóvel; senta-se frequentemente ao volante durante os testes e partilha ideias com os pilotos do WRC Sébastien Ogier e Jari-Matti Latvala (atualmente chefe da equipa Toyota Gazoo Racing) sobre os desenvolvimentos dos carros.

Limar arestas
O GR Yaris de três portas não é um Yaris normal. Akio Toyoda queria um aspeto desportivo e uma linha de tejadilho baixa, de modo a poder integrar um spoiler de grandes dimensões para melhorar a aerodinâmica. Antes de continuarmos, vale a pena referir que, inicialmente, era suposto serem produzidos 2.500 exemplares para cumprir os requisitos da FIA, no final, dez vezes esse número em todo o mundo. Um sucesso que levou o patrão Toyoda a dar luz verde para um facelift ou uma espécie de segundo capítulo.
Primeiro ponto do caderno de encargos: corrigir os pontos menos conseguidos do antecessor. O maior alvo de críticas? A posição do banco do condutor demasiado alta, como tal, nada melhor que rebaixa-lo 25 mm e deslocar para cima o espelho retrovisor central de forma a enquadrar-se na desejada abordagem desportiva.
No exterior, à primeira vista, o novo GR Yaris parece o modelo pré-facelift. A caraterística mais marcante é um para-choques dianteiro redesenhado com aberturas de ventilação maiores e uma cortina de ar que direciona o ar para as rodas dianteiras. A grelha principal do radiador é agora em aço em vez de plástico.
Motor e tecnologia
Em termos mecânicos, a Toyota efetuou apenas pequenos ajustes, aumentando a potência do motor de três cilindros de 1.6 litros para 280 CV e 390 Nm de binário. As melhorias surgem nos detalhes: entre as novas caraterísticas estão uma válvula de controlo, válvulas de escape reforçadas e uma pressão de injeção mais elevada. Foram também instalados pistões mais leves com anéis mais resistentes ao desgaste. Além disso, foi incorporado um sistema de pulverização para ajudar a controlar a temperatura do intercooler. O chassis foi reforçado com mais pontos de soldadura e cola, os amortecedores dianteiros estão agora aparafusados à carroçaria com três pontos de articulação em vez de um, distribuindo melhor as cargas durante a compressão. A própria taxa de amortecimento é também um pouco mais rígida.
Colado ao chão
Como é que tudo isto se traduz no asfalto? Na pista do Kartódromo Internacional do Algarve, no AIA, a experiência de condução é familiar, embora se sinta um pouco menos de inclinação da carroçaria: o GR Yaris parece mais estável. No limite, em curvas rápidas, dança como de costume, de forma finamente controlada, naquele limite que separa a sobreviragem da subviragem. No entanto, a potência extra é pouco percetível, faltando-lhe apenas um pouco de capacidade “pulmonar” na parte de cima do taquímetro.
Com a renovação do GR Yaris veio também a hipótese de se optar por uma nova transmissão automática por conversor de binário e 8 velocidades (Gazoo Racing Direct Shift). É certo que isto elimina uma boa parte da ligação homem-máquina, mas é definitivamente mais fácil de conduzir e, por conseguinte, muito mais rápido. As inserções, os tempos de mudança, a capacidade de manter a velocidade na reta sem ter de mudar de caixa manualmente no final da última curva, bastando simplesmente tocar na patilha do volante… esta tecnologia é sinónimo de eficácia, embora, em bom da verdade, a transmissão manual continue a ser mais divertida, pelo menos para os mais puristas. Ainda assim, esta caixa automática é tremendamente eficaz em condução desportiva, tanto na forma como efetua as subidas de relações, com total prontidão, como permite fazer reduções, apesar de em algumas ocasiões não nos permitir aquela “uma abaixo” que gostaríamos.
No traçado do Kartódromo Internacional do Algarve é pornograficamente rápido e fácil de conduzir. Parece mentira que um carro tão pequeno, com uma distância entre eixos tão curta, transmita tamanha confiança. Pode-se entrar colado à curva ou “dar gás” sem contemplações a meio da mesma que a potência vai toda para o asfalto. As reações são muito diretas e a precisão da direção milimétrica: aponta-se o volante e o eixo dianteiro segue fielmente a trajetória escolhida. É tão rápido e ágil que facilmente chegamos à curva literalmente a voar. Mas não há problema porque os travões contam com discos dianteiros de 356 mm (são maiores que os do GR Supra), pinças de quatro pistões e um tato incrível para um carro de estrada. Numa só palavra: fantástico.
Texto: Ricardo Carvalho
Fotos: Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Um automóvel sem igual que marca uma era na história da Toyota. O GR Yaris oferece um rendimento único sem renunciar a uma utilização diária graças aos seus menos de quatro metros de comprimento que o tornam perfeito para a utilização em cidade. A grande novidade deste restyling, a caixa automática, não lhe retira eficácia, inclusive em pista.
FICHA TÉCNICA
TOYOTA GR YARIS LEGEND A/T
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.618 cm3
POTÊNCIA 280 CV às 6.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 390 Nm às 3.250 rpm
TRANSMISSÃO Integral, caixa automática 8 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 230 km/h
ACELERAÇÃO 5,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 8,3 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 187 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 3.995 / 1.805 / 1.455 mm
PNEUS 225/40 ZR18
PESO 1.280 kg
BAGAGEIRA 175 l
PREÇO 63.250 €
GAMA DESDE 46.650 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 185,58 €
LANÇAMENTO Setembro de 2024