A nova vida do Espace como SUV amplia a habitabilidade do Austral, modelo no qual se inspira. Em relação a este, distingue-se por um habitáculo maior e configuração de até sete lugares, mantendo a tecnologia de propulsão híbrida de 200 CV, que se destaca pelos consumos reduzidos e suavidade de rolamento.
Fotos Paulo Calisto
Eis o regresso do Renault Espace, pioneiro no segmento dos monovolumes, mas que nesta sexta geração dá uma volta de 180º. É produzido na mesma fábrica do Austral, modelo que lhe serve de base e que lhe garante a plataforma, mecânica e infotainment… em busca de mais espaço. Tudo num formato SUV mais polivalente.
Neste sentido, estamos perante um automóvel com 180 mm de altura ao solo, valor abaixo da média do segmento dos SUV, mas superior à de um ligeiro, para poder realizar uma ou outra “aventura” fora de estrada.
Ainda que as dimensões tenham sido reduzidas face à anterior geração Espace, em comprimento soma mais 21 cm em relação ao Austral, algo que é evidente assim que entramos no habitáculo. Enquanto a fila da frente seja praticamente decalcada em dimensões, desenho e tecnologia do Austral, os passageiros da segunda fila beneficiam de uma distância para pernas excelente, além de maior largura e altura.
Outro argumento herdado do Austral é o facto do banco traseiro regular longitudinalmente (220 mm, até um máximo de 260 para se conseguir entrar para a terceira fila de bancos, o que não é fácil). Os dois bancos da última fila podem ser rebatidos no piso, permitindo uma superfície de carga plana; a sua utilização destina-se a pessoas de estatura mais baixa, principalmente porque o espaço para os joelhos é insuficiente para adultos. Em todo o caso, a perceção de amplitude é favorecida, não tanto pelas janelas traseiras (mais pequenas que em outras gerações do Espace), mas pelo enorme tejadilho panorâmico de 1,33 m de comprimento (opcional). Consoante o número de ocupantes, a bagageira proporciona números que vão de muito bons a discretos: 159 litros com sete lugares, e entre 477 e 677 dependendo da posição da segunda fila.Ao longo do habitáculo existem amplos espaços de armazenamento, os maiores na consola, que integra uma base de carregamento por indução deslizante e um generoso apoio de braços (o seletor da caixa está na coluna de direção).
A qualidade de construção transmite boa sensação, e a tecnologia multimédia responde de forma brilhante a partir de dois grandes ecrãs e de um sistema operativo muito fluído, com serviços Google integrados. A interação com os diferentes sistemas é correta; o climatizador, por exemplo, tem botões próprios por baixo do ecrã.
Na vertente mecânica, o novo SUV de 7 lugares da Renault é muito parco em variedade, ainda que o único motor E-TECH Full Hybrid (sem carregamento) de 200 CV ofereça boas performances. Combina um bloco turbo a gasolina de três cilindros com dois motores elétricos (um mais potente para a locomoção elétrica e outro mais pequeno para os arranques e passagens de caixa). O sistema demonstra um rendimento muito satisfatório e evidencia-se muito mais por rubricar consumos reduzidos do que em mostrar prestações de relevo, ainda que não seja difícil obtê-las. Como alguns elétricos e híbridos, as patilhas no volante servem para modular a travagem regenerativa, aqui com 4 níveis.
O aspeto menos convincente é a lentidão da caixa de velocidades: o processo é automático, sem intervenção do condutor, mas perante uma pressão rápida no acelerador percebe-se um claro atraso até começar a ganhar velocidade.
Por outro lado, destaca-se o consumo. O sistema híbrido alterna continuamente a utilização das suas distintas unidades e são muitas as vezes em que o veículo rola exclusivamente sem emissões. Como norma, pode fazer um terço do percurso com o motor a gasolina desligado. O resultado? Intervalos de consumo entre 6 e 6,5 l/100 km.
Muito bom para um Espace com condução agradável e confortável, ainda que menos ágil que o irmão Austral. Não obstante, e face à concorrência direta, destaca-se pelo toque da direção ativa às quatro rodas através da tecnologia 4Control Advanced: as traseiras giram no sentido das dianteiras a partir dos 50 km/h (otimiza a estabilidade) e o contrário abaixo dessa velocidade. Neste caso, as melhorias são evidentes, com uma manobrabilidade notável ao reduzir o raio de viragem de 11,6 para 10,4 m, quase o mesmo que um Clio.
Para rematar, a Espace em teste corresponde à versão designada Esprit Alpine. O preço é elevado, 48.299 €, ainda que justificado em grande medida por um equipamento bastante completo, com elementos como massagem e aquecimento nos bancos, estofos em couro, numerosos assistentes à condução ou a mencionada tecnologia 4Control Advanced, ausente nos seus rivais.
RENAULT ESPACE ESPRIT ALPINE E-TECH FULL HYBRID 200
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.199 cm3
POTÊNCIA 130 CV às 4.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 205 Nm às 1.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto multimodo de 15 modos
SISTEMA ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Dois motores elétricos síncronos permanente
POTÊNCIA 68 CV/34 CV
BINÁRIO 205 Nm/50 Nm
BATERIA Iões de lítio, 2 kWh, 400 V
SISTEMA HÍBRIDO
TIPO DE MOTOR Elétrico – gasolina
POTÊNCIA TOTAL 200 CV (146 kW)
BINÁRIO TOTAL N.D.
VEL. MÁXIMA 175 km/h
ACELERAÇÃO 8,8 s (0 a 100 km/h)
CONSUMOS (WLTP) 4,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 109 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.722 / 1.843 / 1.645 mm
PNEUS 235/45 R20
PESO 1517 kg
BAGAGEIRA 159-677-777 l
PREÇO 48.299 €
GAMA DESDE 45.499 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 108,32 €
LANÇAMENTO Setembro de 2023