Os híbridos plug-in estão definitivamente na moda. O mais recente membro desta família a chegar ao mercado foi o Range Rover. Quase uma heresia, mas ele aí está, com um 2.0 litros a gasolina auxiliado por um motor elétrico com autonomia de 51 km e 404 CV de potência combinada. Uma verdadeira fortaleza sustentável.
Mesmo para os grandes SUV, com praticamente 2,5 toneladas como este Range Rover (RR), a hibridação é uma passagem obrigatória. A equação é simples. Ao juntarem à gama veículos de emissões baixas, os construtores conseguem o outro lado da moeda, ou seja, produzir versões de cariz mais desportivo, com motores V8 e muita potência. A Land Rover meteu “mãos às obra” e desenvolveu o primeiro plug-in hybrid a partir do seu modelo maior e mais mediático.
O único indício exterior de que estamos perante um híbrido plug-in é a sigla P400e na traseira. A tomada de carregamento também nos “diz” de que versão se trata, mas neste caso está bem dissimulada, na grelha. De resto, é um Range Rover, com tudo o que este modelo tem para ser distinto. Cinco metros de comprimento, dois metros de largura e 1,90 m de altura, fazem dele um automóvel enorme, de linhas direitas e ampla superfície vidrada. As restantes alterações estão no habitáculo e na bagageira. As baterias situam-se no piso da mala, obrigando este a subir 10 cm e a perder 100 litros de capacidade (446 litros). O espaço que lhe resta é mais do que suficiente para colocar as bagagens de cinco ocupantes… ou (preferível) de quatro.
Beleza interior
No habitáculo saltam à vista as alterações produzidas neste P400e, até porque se assume como o restyling do Range Rover. Se do lado de fora as diferenças não são assim tão acentuadas, lá dentro o caso muda de figura.
A qualidade geral mantém-se em plano elevado e o desenho, esteticamente apurado, não nega as suas origens. A própria configuração e arrumação dos comandos permitem ganhar espaço nos lugares dianteiros onde encontramos duas poltronas elétricas que são autênticos sofás. Existem alçapões, bolsas nas portas generosas, locais para arrumar na zona central, tudo serve para guardar objetos.
Seguindo esta tendência, o conforto é a nota dominante a bordo, quanto mais não seja pela completa lista de equipamento de série. Destaque para a inclusão do sistema Touch Pro Duo que preenche a consola central. São dois ecrãs táteis de 10 polegadas a cores que permitem visualizar todo o tipo de funcionalidades. Outra indicação de que estamos perante uma versão “diferente” do RR é o painel de instrumentos digital, que tem no lugar do conta-rotações um indicador “eco”, “charge” e “boost”, típico dos veículos PHEV. Já o botão EV na consola central liga-mos ao modo elétrico.
Troca de coração
A alteração menos visível, mas mais significativa, é a inclusão do motor 2.0 litros de quatro cilindros a gasolina da família Ingenium que debita 300 CV. Aqui, este bloco é auxiliado por um propulsor elétrico de 116 CV, que dá azo a uma potência combinada de 404 CV (a soma não é exata) e 640 Nm de binário. A autonomia elétrica teórica é de 51 quilómetros (o máximo que conseguimos foram 42 km), graças a uma bateria de 13,1 kWh. O tempo de carregamento numa tomada caseira de 10 amperes cifra-se em 7h:30 m, enquanto nas tomadas de 32A (opcional) diminui para as 2h:45 m.
Quanto a prestações: 220 km/h de velocidade máxima e 6,8 segundos na aceleração dos 0 aos 100 km/h, o que para um “bicho” com 2,5 toneladas são números excelentes.
A rolar em modo híbrido, foi possível alcançar uma média de 8,5 l/100 km. Os motores são lineares na resposta ao acelerador, mantendo um fluxo constante de “energia”. O P400e conta ainda com um modo “Save”, disponível a partir do ecrã central, que guarda energia na bateria para usar, por exemplo, quando chegamos à cidade.
Com suspensão pneumática, a relação conforto/comportamento é boa e mesmo com as jantes de 21” (opcionais) digere com facilidade os pisos mais degradados e revela uma solidez digna de registo. O comportamento denota uma certa agilidade em traçados mais sinuosos, mas em curvas apertadas ou feitas a velocidades mais elevadas, a tendência para adornar adensa-se. Falta apenas falar no sistema Terrain Response 2 com redutoras e bloqueio do diferencial que permite percorrer troços de terra e obstáculo como qualquer jipe digno desse nome.
O Range Rover P400e na versão Vogue (unidade de teste) arranca nos 125.989 euros, valor vai subindo à medida que lhe vamos acrescentando opcionais, elementos extras que este “rei” tanto gosta.
Texto Ricardo Carvalho
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Uma autêntica fortaleza sobre rodas que, com este sistema de impulsão pode atingir valores de consumo singulares e atípicos para um automóvel com estas dimensões, peso e motor. Confortável, suave e luxuoso, é um modelo muito particular e que tem uma legião de fãs. Não é um carro para todos… é um Range Rover, modelo que só alguns sabem apreciar.
FICHA TÉCNICA
RANGE ROVER P400E
TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.999 cm3
POTÊNCIA 300 CV às 5.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 400 Nm entre as 1.500 e as 4.500 rpm
MOTOR ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Síncrono e íman permanente
ALIMENTAÇÃO Bateria de iões de lítio de 13,1 kWh
POTÊNCIA MÁXIMA 116 CV
SISTEMA HÍBRIDO
POTÊNCIA TOTAL 404 CV entre as 5.500 e as 6.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO TOTAL 640 Nm
V. MÁXIMA 220 km/h
ACELERAÇÃO 6,8 S (0 a 100 km/h)
CONSUMO 3,1 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 72 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 5.000 / 1.983 / 1.869 mm
PNEUS 255/55 R20
PESO 2.509 kg
BAGAGEIRA 446 l
PREÇO 141.423 €
GAMA DESDE 125.989 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 201,58 €
LANÇAMENTO Outubro de 2018