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Numa marca com tantos modelos híbridos, elétricos e plug-in, até na sua gama de veículos comerciais, o 5008 ainda é um estranho à eletrificação. Uma ausência que a versão Hybrid 136, que lhe damos conta neste ensaio, vem colmatar.

Texto: Ricardo Carvalho
Fotos: Paulo Calisto

Praticamente todos os modelos da gama Peugeot têm vindo a incorporar motores eletrificados nos últimos anos, quer sejam totalmente elétricos, como é o caso do 208, 2008, Rifter e Traveller, ou veículos comerciais como o Partner, Expert e Boxer; quer sejam motores híbridos plug-in, como é o caso do 308, 408, 508 e 3008. Além disso, o e-308, também 100% elétrico e disponível em ambos os estilos de carroçaria, começou agora a ser comercializado e mais tarde, existirá também um e-408 alimentado a bateria. Mas, curiosamente, o 5008, o SUV de sete lugares da marca francesa, que apesar de partilhar a plataforma EMP2 com o 3008, 508 e 408, não estava, nem estará, equipado com as motorizações híbridas plug-in que estes oferecem. Foi, curiosamente, deixado de fora desta estratégia. No entanto, esta falta de eletrificação no 5008 foi agora colmatada com a chegada do novo motor Hybrid 136 a este SUV e à sua variante compacta, o 3008. Tem por base o motor 1.2 PureTech de 130 CV, mas adopta um sistema de hibridação ligeira MHEV de 48 volts e uma moderna caixa automática eletrificada e-DCS6 de dupla embraiagem e seis velocidades, em vez da transmissão EAT8 que ainda é proposta nos motores PureTech 130 a gasolina e BlueHDi 130 a gasóleo.

Redução dos consumos

A primeira vantagem do 5008 Hybrid 136 é o facto de reduzir o consumo de combustível em 15% e as emissões de CO2 em 21 g/km em relação às versões convencionais a gasolina. E, segundo a Peugeot, permitem percorrer até um quilómetro em modo totalmente elétrico, desde que não se ultrapasse os 30 km/h, já que o efeito mais positivo da tecnologia mild hybrid, baseada numa bateria de 0,9 kWh (0,43 kWh útil) e num motor elétrico de apoio de 21 kW (29 CV), é a reutilização da energia gerada durante a desaceleração e a travagem, que mantém o motor a gasolina desativado durante 50% das deslocações em cidade.
Graças ao seu efeito de impulso, o propulsor elétrico de 21 kW ajuda o motor a gasolina PureTech 136 a melhorar a aceleração, nomeadamente a baixos regimes. A Peugeot optou por acoplar lateralmente o motor elétrico ao motor a gasolina e integrá-lo na caixa de velocidades, assegurando uma maior suavidade nas acelerações e desacelerações, e na propulsão.

Primeiro contacto com o 5008

A partir daqui, resta perguntar até que ponto vale a pena optar pela variante Hybrid 136, por oposição ao motor PureTech 130. Comecemos pelo 5008 propriamente dito. Mantém os 4,64 metros de comprimento, pesa 1627 kg e conta com dois lugares extra, solução ideal para uma utilização ainda mais familiar. E, quando os dois bancos da terceira fila não estiverem a ser utilizados, a bagageira alcança uns desafogados 780 litros.
Ao volante, não notamos qualquer diferença em relação a outros 5008 que já conduzimos, mas assim que a ignição é ligada, a instrumentação mostra um pouco de personalização, pois tem um menu específico para refletir o estado do sistema híbrido, onde podemos ver o nível de carga da pequena bateria (está localizada debaixo do banco dianteiro do lado esquerdo, para não retirar espaço aos passageiros de trás ou à bagagem), o fluxo de energia, se estamos a conduzir apenas com o motor elétrico, a percentagem de distância percorrida sem gerar emissões ou o programa de funcionamento em tempo útil: Charge, Eco e Power. Porque se trata de um híbrido ligeiro (MHEV), não podemos esperar grandes poupanças, pois as diferenças de desempenho são por vezes apenas uma questão de nuance: melhor desaceleração aqui, aceleração mais eficiente ali… Se o resultado for o anunciado pela Peugeot, com uma redução média da economia de combustível de cerca de 15%, parece ser um avanço louvável. Mas… aos comandos não é fácil perceber diferenças.

Mais suave e mais reativo

O que notámos, isso sim, é que o desempenho geral do 5008 Hybrid 136 é muito suave. O PureTech 130 em que se baseia já se destaca positivamente neste aspeto, mas é um motor de três cilindros que soa como um três cilindros (menos equilibrado e mais ruidoso) à medida que se aumenta a velocidade do motor. Em contrapartida, este Hybrid 136, também baseado num motor turbo de 1,2 litros e três cilindros, tem uma sonoridade mais equilibrada e também menos audível.

Mas não é apenas uma questão de ruído ou de falta de vibração, é também uma questão de impulso. No papel, tendo em conta as especificações técnicas, o binário máximo continua a ser de 230 Nm, apesar da presença do motor elétrico de apoio, que acrescenta 55 Nm em determinadas situações. Mas na prática, há uma melhor resposta, e esses 55 Nm extra surgem quando o motor a gasolina, a funcionar a um regime ainda baixo, está longe dos 230 Nm que pode gerar. Como resultado, praticamente ao ralenti, o 5008 Hybrid 136 é mais potente e mais cheio, o que é de louvar, tanto no trânsito intenso como nas subidas a baixa velocidade e é ajudado pelo bom funcionamento da nova caixa de velocidades e-DCS6, que se revelou muito suave.
Quanto a percorrer até um quilómetro em modo elétrico a velocidades muito baixas, parece que nunca conseguimos… mas isso fica para quem o comprar. Por outro lado, pudemos constatar a suavidade e naturalidade com que passa de um tipo de propulsão para outro, sendo que, por vezes, tivemos de consultar o painel de instrumentos para saber se o motor a gasolina estava ligado ou desligado. De resto, o 5008 continua a ser um SUV de grande maneabilidade, com um equilíbrio soberbo entre conforto e segurança, e onde tudo o que é importante funciona como deve ser: suspensão, travões, direção… Uma valorização que também se pode estender ao interior, porque o 5008 é bem construído, tem um i-Cockpit que, apesar do volante pequeno não ajudar, é ergonómico e funcional. Há espaço de sobra para (quase) sete e acaba por ser um excelente automóvel para viagens, onde os 56 litros de combustível devem dar para muitas centenas de quilómetros entre abastecimentos.

CONCLUSÃO

É verdade que o 5008 já é um automóvel maduro. Um SUV de sete lugares com dois bancos extra mais para crianças do que para adultos, mas com uma qualidade exemplar. O sistema mild-hybrid de 48V é mais valia para lhe dar nova vida na era da eletrificação. Será que os 4000 euros que custa a mais que o 1.2 Puretech se justificam?

FICHA TÉCNICA
PEUGEOT 5008 HYBRID 136 Allure Pack

TIPO DE MOTOR             Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo

CILINDRADA                              1.199 cm3

POTÊNCIA                       136 CV às 5.000 rpm

BINÁRIO MÁXIMO           230 Nm às 1.750 rpm

TRANSMISSÃO                Dianteira, caixa auto. 8 vel. (EAT8, conversor de binário)

MOTOR ELÉTRICO

POTÊNCIA     29 CV
BINÁRIO         55 Nm
SISTEMA        48V

SISTEMA HÍBRIDO

TIPO DE MOTOR             Híbrido gasolina + elétrico

POTÊNCIA COMBINADA 136 CV

BINÁRIO COMBINADO    230 Nm

VELOCIDADE MÁXIMA 200 km/h

ACELERAÇÃO                           10,4 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                    5,7 l/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)  128 g/km

DIMENSÕES (C/L/A)                  4.641 / 1.844 / 1.646 mm

PNEUS                             225/55 R18

PESO                                         1.627 kg

BAGAGEIRA                    780 L

PREÇO                            43 220 €

GAMA DESDE                            31.160 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC)                 137,68 €

LANÇAMENTO                 dezembro de 2023

Ricardo Carvalho

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