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Teste – Mercedes-Benz Classe E 220d – Manter o registo

A nova geração do Classe E vai permitir à Mercedes-Benz ganhar outro fôlego num segmento onde as marcas premium são fortes, o das berlinas médias. Na versão E220d, Diesel de 197 CV, surge num topo de forma onde sobressai a qualidade, a tecnologia, o conforto e… a economia, sem deixar de ser tradicional.

Texto: Ricardo Carvalho
Fotos: Paulo Calisto

A marca alemã reivindica que o novo Classe E foi desenvolvido para constituir uma ponte entre a tradição e a modernidade, sublinhada neste último capítulo por um elevado nível de digitalização. Com várias décadas de história às “costas”, assim como várias gerações, o novo E poderia muito bem ser qualificado como um novo Classe S… em miniatura, até porque não fica nada atrás do topo de gama da marca em termos de elegância, conforto, tecnologia e mecânicas. Este é um modelo que chega para impulsionar o segmento das berlinas médias, fazer frente aos omnipresentes SUV e que tem no novo BMW Série 5 um rival muito sério, que pretende combater com um leque de argumentos muito alargado.

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“À la Classe S”

Para falar do desenho do novo E, teremos de pensar mais em elegância do que em propriamente em emoções, mas neste segmento o primeiro faz muito mais sentido do que o segundo, que terá de ser um bom complemento.
O W214 (é assim que a Mercedes vai distinguindo as várias gerações dos seus modelos), não varia muito face ao antecessor, pelo menos no que a dimensões diz respeito. Ainda assim, convém referir que chega aos 4,92 m de comprimento (2 cm mais curto), 1,91 m de largura (6 cm mais largo) e 1,47 m de altura (1 cm mais baixo). A distância entre eixos, por seu lado, cresce 2,2 cm até alcançar os 2,93 m. Mas, além dos números mantém a carroçaria clássica dos três volumes que está carregada de pormenores apelativos, como os faróis principais LED matriciais com 1,3 milhões de microespelhos por grupo ótico, os puxadores das portas à face, que saem automaticamente quando se destranca o carro ou os farolins com a forma da estrela atrás.
As próprias formas do conjunto surgem mais cuidadas, com um coeficiente aerodinâmico Cx que se cifra em 0,23, ao mesmo tempo que oferece a possibilidade de opção por dois tipos de grelha, uma de aspeto mais clássico que lembra a do Classe S, com a estrela tradicional no capô, e uma segunda mais moderna e iluminada à noite, a da nossa unidade, na qual a estrela maior assume o protagonismo.

Tecnologia acima do luxo

Aberta a porta, percebemos de imediato que a tecnologia supera o luxo e chega mesmo a sobrecarregar o condutor. A qualidade de construção, acabamentos e montagem é de alto nível e percebe-se a preocupação em utilizar materiais de elevada qualidade, e neste caso, encontramos o MBUX Superscreen (opcional), a famosa configuração de três ecrãs. Assim, o  painel de instrumentos digital chega às 12,3″, sendo que o central, o que agrupa o sistema multimédia, alcança as 14″ e a do passageiro dianteiro é de 12,3″. Neste caso permite, entre muitas outras coisas, viajar a ver um filme sem que este seja visível para o condutor.
Mesmo assim, o sistema multimédia permite desfrutar de diferentes aplicações pré-instaladas, o que combinado com uma câmara frontal no tablier, por exemplo, permite levar a cabo reuniões por via zoom ou fazer upload de vídeos diretamente para o Tik Tok. Este sistema permite estabelecer rotinas (por exemplo, a partir do ar condicionado) uma vez que vai aprendendo os próprios hábitos de quem conduz. A sensação premium é uma constante, com acabamentos excecionais, cores bem escolhidas e detalhes do mais alto requinte.
Deixando de lado a tecnologia, estamos perante um modelo muito confortável, com muito espaço e com uma bagageira que disponibiliza 540 litros nesta versão apenas a gasóleo (as PHEV têm menos capacidade).

Diesel com ajuda

A versão que lhe trazemos a estas páginas é a 220d, a opção Diesel que ainda é uma das melhores para percorrer muito quilómetros. Não conduzimos as outras, mas estamos em condições de dizer que está é, concerteza, uma das melhores desta gama e que faz todo o sentido ter um motor Diesel. Falamos-lhe de um 2.0 Turbodiesel de 197 CV com 440 Nm de binário que não deixa de lado a eletrificação, até porque surge acoplado a um sistema elétrico de 48V com um gerador/motor de arranque que gera 23 CV e 204 Nm. Esta ajuda é preciosa (arranques e ultrapassagens) para se obter consumos muito reduzidos, em torno dos 6,0 l/100 km e uma autonomia que pode ser superior a 1000 km.
Aos comandos, o novo Classe E 220d consegue obter impressionantes níveis de conforto e o leque de situações em que está próximo da perfeição é abrangente. Para tal muito contribui a suspensão Agility Control com sistema de amortecimento adaptativo e rebaixada de série. Em matéria de condução, os seus pontos fortes são a forma refinada e fluída como rola, destacando-se a leveza e tato da direção no trânsito da cidade, e a performance do bloco dois litros de 197 CV, dois aspetos que fazem com que este novo Classe E “encolha” em torno do condutor, até porque ao virar mais as rodas dianteiras manobra melhor em espaços apertados. Destaque para a presença do eixo traseiro direcional (opcional), que ajuda nas manobras urbanas, mas não é de adaptação fácil. O motor responde com prontidão às demandas do pé direito e a caixa 9 G-Tronic tem, por vezes, uma resposta brusca e pouco consistente em algumas situações de condução, sobretudo nas passagens em modo desportivo e/ou quando usamos as patilhas no volante, até porque as diferenças entre os modos de condução não são assim tão acentuadas, mas no geral tem um funcionamento mais do que bom. Quanto a preços, o novo Classe E não é barato, mas compensa com o nível de equipamento, a qualidade e a forma como envolve o condutor para que a viagem a bordo seja de excelência.

Conclusão

O Classe E evoluiu imenso face à geração anterior. Para além de manter um motor 2 litros Diesel no seio da marca alemã que alcança consumo pouco habituais nos dias de hoje, assegura um espaço de exceção, uma condução que nenhuma outra geração do Classe E conheceu e uma estética muito apelativa.

Ficha técnica
Mercedes-Benz Classe E 220d Auto

Tipo de motor – Gasóleo, quatro cilindros em linha, turbo
Cilindrada – 1993 cm3
Potência – 197 CV às 3600 rpm
Binário máximo – 440 Nm entre as 1800 e as 2800 rpm
Velocidade máxima – 238 km/h
Aceleração – 7,6 s (0 a 100 km/h)
Consumo – 4,8 l/100 km (misto)
Motor elétrico
Potência – 23 CV
Binário – 205 Nm
Bateria – 48 V
Dimensões – 4949/1880/1468 comp/larg/alt
Emissões de CO2 – 126 g/km
Pneus – 225/55 R18
Peso – 1915 kg
Bagageira – 540 litros
Gama desde – 62 750 euros
Preço – 66 950 euros
IUC – 235,26 euros
Lançamento – Já à venda

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