O novo Spring Electric ganhou imagem mais moderna e novas tecnologias, aumentou a lista de ajudas à condução e também cresceu na capacidade da mala. Só encolheu mesmo no preço. Nunca esteve tão acessível!
Spring em inglês significa primavera, estação do ano que é o começo de um novo ciclo. No caso da Dacia, chegou mais cedo, com a renovação daquele que é um dos seus modelos de maior sucesso, desde o lançamento, em 2021. O modelo urbano criado com o objetivo de democratizar a mobilidade elétrica recebeu uma renovação fundamental, numa altura em que o mercado se prepara para receber uma nova vaga de elétricos a preços mais em conta.
Na prática, um novo ciclo para o Spring, que mantém as dimensões exteriores compactas mas ganha um visual mais SUV, com uma dianteira totalmente redesenhada, a nova assinatura luminosa da marca romena e o logótipo em grande destaque ao centro. As barras negras à frente e atrás, colocadas entre as óticas, também lhe conferem imagem mais robusta. Porém, onde cresceu foi mesmo na volumetria útil da bagageira, que estica até aos 288 litros (+ 6%), ou 1.004 com os bancos traseiros rebatidos. Além disso, há um compartimento sob o capô dianteiro com mais 35 litros de espaço de arrumação. Nas restantes medidas interiores, espaço à justa para quatro adultos.
Leia também: Teste – Dacia Duster Extreme Hybrid 140 4×2 – Um novo capítulo
Tecnologia e cafés
Os progressos mais evidentes na tecnologia de bordo, melhorada com a adoção de novos ecrãs de 7” para a instrumentação e 10” para o sistema de infoentretenimento, que permite integração sem fios com smartphone através do Android Auto e do Apple CarPlay e acrescenta a navegação conectada com informações de trânsito em tempo real e atualizações remotas “over-the-air”.
Na segurança, destaque para o reforço das ajudas à condução, desde a introdução do sistema avançado de travagem de emergência (urbano/extraurbano com deteção de veículos, peões, ciclistas e motociclos), ao reconhecimento de sinais de trânsito com alerta de excesso de velocidade e ao assistente de ajuda ao estacionamento traseiro; com a Dacia a incluir o botão “My Safety” para um acesso rápido às definições pré-estabelecidas por cada utilizador. Por sua vez, o carregamento bidirecional (V2L) permite ao Spring alimentar aparelhos elétricos de baixa potência com adaptador, de série no nível Extreme do nosso teste, como por exemplo um grelhador no campismo ou uma máquina de café para uma qualquer eventualidade…
A apresentação também acompanhou este upgrade, embora se mantenha uma conceção simplista que, em muitos aspetos, está uns furos abaixo dos melhores citadinos. É fácil torcer o nariz à qualidade de alguns plásticos, forros e materiais, assim como à pequeníssima regulação do banco que nos obriga a conduzir numa posição sempre algo elevada, ou à localização pouco prática dos comandos elétricos dos vidros dianteiros no centro do tablier e não nas portas.
Preço-canhão
Apesar da atualização, a Dacia baixou o preço de lançamento do novo Spring até aos 16.900 €, o que representa uma proposta ainda imbatível entre aquilo que custa e o que oferece, embora este preço-canhão diga respeito à versão base, com 45 CV de potência, que é exclusiva do acabamento Essential. A “nossa” versão Extreme, topo de gama, equipa um motor elétrico mais potente: 65 CV que lhe dão outra desenvoltura no meio do trânsito e em estrada aberta. Recupera melhor e também melhora consideravelmente na aceleração face ao Spring Electric 45: 0-100 km/h em 13,7 s contra os 19,1 s do menos potente. A velocidade máxima está limitada aos 125 km/h.
Poupadinho na cidade
É verdade que as prestações não entusiasmam, e ativando o modo ECO ainda limita mais a velocidade para poupar energia. Em cidade e trajetos curtos, quase não se nota essa inibição, mas ela torna-se bem evidente em autoestrada. Os consumos baixos continuam a ser uma grande mais-valia, para o qual o peso contido do conjunto é peça-chave. Na prática, e apesar dos reforços de equipamento, o novo Spring pesa pouco mais de uma tonelada, o que ajuda explicar as médias entre os 12 e os 13,5 kWh/100 km. Contas feitas, a pequena bateria (26,8 kWh) consegue superar os 200 km de autonomia sem grandes problemas.
Quanto à dinâmica, esta reflete a arquitetura da carroçaria, estreita e alta, com o vento a fazer-se sentir nas laterais. Ainda assim, o Spring é sempre fácil de guiar e a suspensão melhorou o seu desempenho em mau piso, embora continue a faltar progressividade ao travão e o rolamento não esteja isento de ruídos.
Texto Vítor Mendes
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Não há dúvida que a Dacia melhorou muito a imagem simpática do Spring, agora ainda mais aproximado ao formato de pequeno SUV urbano. Ao mesmo tempo que se afastou mais da imagem de produto de baixo custo, nomeadamente através da promoção da qualidade e do conforto no seu interior e do reforço tecnológico evidente. E a mais não é obrigado. O Spring cumpre com aquilo a que se propõe: tornar a mobilidade elétrica mais fácil e acessível a todos.
FICHA TÉCNICA
DACIA SPRING EXTREME ELECTRIC 65
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de íman permanente, dianteiro
POTÊNCIA 65 CV (48 kW)
BINÁRIO MÁXIMO 113 Nm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa automática de relação única
BATERIA Iões de lítio, 26,8 kWh
AUTONOMIA (WLTP) 228 km (336 km em cidade)
TEMPO DE CARGA 5h a 7,4 kW AC (0-100%)
45 min. a 30 kW CC (20-80%)
VELOCIDADE MÁXIMA 125 km/h
ACELERAÇÃO 13,7 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 13,3 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 3.701 / 1.583 / 1.485 mm
PNEUS 165/65 R15
PESO 1.050 kg
BAGAGEIRA 288-1.004 l
PREÇO 19.900 €
GAMA DESDE 16.900 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €
LANÇAMENTO Julho de 2024