A marca chinesa BYD, a atuar em Portugal há cerca de um ano, chega à primeira divisão do mercado automóvel com um plantel completo e uma estrela em ascensão, o SEAL, um “player” com o qual pretende enfrentar as referências do segmento. Eis o teste completo à versão de entrada, com 313 CV e tração traseira.
Tesla Model 3, BMW i4, Polestar 2, Hyundai Ioniq 6… Esta é a nova liga a que aspiram as berlinas com um certo toque dinâmico e propulsão elétrica. E eis que surge o SEAL, da ativa marca chinesa BYD, como um sedan de tamanho médio (carroçaria coupé de 3 volumes, 4,8 metros de comprimento) com números e uma lista de equipamentos ambiciosa. De referir, e para que conste, o SEAL foi recentemente nomeado “Carro do Ano” em Portugal, sinal de que a marca chinesa não vem para a Europa “brincar” aos carrinhos, até porque foi o primeiro modelo elétrico a alcançar tal feito no nosso país.
A gama é composta por duas versões com muita potência: Design, com um único motor de 313 CV e tração traseira e que é a protagonista do nosso teste; e Excellence, dois motores, com tração integral e 530 CV. Apesar de ser o que anuncia menos cavalos, não deixa de ser uma verdadeira demonstração de potência a um preço competitivo: a partir de 46.990 euros e até 47.990 euros, preço para a versão topo de gama.
Para além disso, o SEAL também surpreende com uma qualidade interior muito elevada. O painel de bordo, as portas (com uma insonorização irrepreensível), os bancos, etc., é tudo de alto nível, um passo à frente do ATTO 3, com o qual partilha elementos como o enorme ecrã central rotativo (a partir de um botão no volante ou do próprio ecrã), por exemplo. A sua resposta tátil, o seu grafismo e as suas grandes dimensões são convincentes e, ao apresentar a imagem a 360º das câmaras exteriores, proporciona uma visão muito clara; não tanto porque o seu tamanho generoso é desperdiçado (pode ser dividido, mas só pode apresentar aplicações de navegação e Spotify), a área à esquerda é coberta pelo arco do volante quando colocado horizontalmente e o ajuste automático da luminosidade (ao passar por um túnel) não é muito preciso. Aliás, é sempre necessário “mexer” no ecrã para ajustar as saídas de controlo da climatização, o que acaba por ser pouco intuitivo.
Apesar do destaque do painel, a consola tem botões práticos. Por baixo, há um bom espaço para as tomadas USB, que são difíceis de aceder durante a condução, e uma superfície de carregamento por indução para dois telemóveis. Por falar em espaço, o SEAL acomoda confortavelmente os passageiros em bancos tão bem executados como confortáveis. Os bancos aquecidos e ventilados, bem como o ajuste elétrico, são de série.
Um coupé confortável
Ao volante, vamos sentados numa posição muito baixa, como num coupé, mas atrás, onde o piso é plano, os bancos são um pouco inclinados. Em todo o caso, há muitos centímetros para cima (o grande teto panorâmico dá luz e mais espaço em altura) e ao longo do comprimento, embora haja pouco espaço para os pés se os bancos da frente foram colocados na sua posição mais baixa. Mesmo só com um motor e 313 CV, o SEAL mexe-se com uma agilidade incrível, chegando mesmo a ser “violento” quando se pressiona o acelerador a fundo no modo mais desportivo (ao contrário do ECO, que parece não ter potência). No entanto, destaca-se mais pelo conforto, pois apesar de manter sempre uma boa estabilidade, a carroçaria não recupera rapidamente a compostura ao passar por lombas, e a perceção de agilidade não é a de um BMW i4, para citar um dos dinamicamente mais apelativos.
Afinal, esta é uma berlina que aposta mais no conforto do que na eficácia. A travagem é bem modulada, com dois níveis de travagem regenerativa (mas sem patilhas, é preciso fazê-lo no ecrã). A partir daí, também se pode escolher a dureza da direção.
A autonomia
Equipado com uma bateria LFP de 82,5 kWh, reivindica 520 km de autonomia que, em utilização real, e com base num consumo de energia médio a elevado de cerca de 22 kWh/100 km, garante, pelo menos, mais de 375 km; a um ritmo mais lento, ultrapassa os 400 km. Para o carregamento, conta com uma potência CC até 150 kW (não é a mais rápida do segmento: 37 minutos de 10-80%), alargando o processo CA a uma potência normalizada de 11 kW.
Texto Juan Pablo Esteban
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
A primeira geração do SEAL deixa alguns pormenores por melhorar (consumo de energia, utilização do ecrã…), mas que não ofuscam um conjunto muito apelativo, com uma das melhores relações preço/equipamento/potência do mercado. Por este valor, compra-se uma berlina com desempenho desportivo e modos de GT.
FICHA TÉCNICA
BYD SEAL DESIGN
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de íman permanente, traseiro
POTÊNCIA 313 CV (230 kW)
BINÁRIO MÁXIMO 360 Nm
TRANSMISSÃO Traseira, caixa automática de relação única
BATERIA Lítio ferro-fosfato, 82,5 kWh
AUTONOMIA (WLTP) 570 km (690, em cidade)
TEMPO DE CARGA 26 min. a 150 kW CC (30-80%)
37 min. a 150 kW CC (10-80%)
VELOCIDADE MÁXIMA 180 km/h
ACELERAÇÃO 5,9 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 16,6 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.800 / 1.875 / 1.460 mm
PNEUS 235/45 R19
PESO 2.055 kg
BAGAGEIRA 400 l (+53 à frente)
PREÇO 46.990 €
GAMA DESDE 46.990 €
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €
LANÇAMENTO Dezembro de 2023