O M8 Competition Gran Coupé reúne a mais bela carroçaria da marca ao motor mais brutal produzido pela BMW M, o V8 4.4 de 625 CV! Este casamento entre a bela e o monstro proporciona sensações únicas e coloca os pneus à beira de um ataque de nervos.
Já pensou em ter um carro em que existe sempre mais potência que tração? Se a resposta é afirmativa e entre as outras especificidades do seu caderno de encargos se encontram premissas como coupé de luxo e quatro portas, o M8 Gran Coupé é o seu carro de eleição, sobretudo se tiver 250 mil euros na conta bancária (?).
Na verdade, o preço base é de “apenas” 208.630 euros, mas existem certos opcionais quase obrigatórios que facilmente elevam a fasquia em vários milhares de euros: sistema de travagem M em cerâmica/carbono (9.100 €), M Driver´s Package (2.540 €), que lhe permite chegar aos… 305 km/h, ou o Pack M Competition (17.580 €), que confere ao motor 25 CV adicionais.
Que motor!
A experiência de condução do M8 Competition Gran Coupé (em relação ao M8 Gran Coupé “normal” tem mais 25 CV e um chassis mais rigído) é completamente dominada pelo motor, pois este possui capacidade para fazer a traseira saltar dos eixos quando e onde o condutor quiser, graças à possibilidade de desconectar o eixo dianteiro, sim porque o M8 tem tração integral (xDrive). Com o eixo desligado (colocar em modo Track, desligar DSC e, então, pressionar o modo 2WD no ecrã central), em asfalto seco com a 4ª relação da caixa engrenada é possível executar derivas de potência. Aliás, a não ser enquanto os pneus dianteiros não ganham alguma temperatura, a subviragem é algo difícil de acontecer ao volante deste M8; a melhor maneira de aquecer os pneus rapidamente é executar três ou quatro travagens mais fortes para o calor libertado pelos discos a ajudar.
A imponência das dimensões e a largura (às vezes estreita) das estradas nacionais levam ao redobrar das cautelas nos quilómetros iniciais, o M8 Competition Gran Coupé faz-se pequeno e leve (tejadilho em carbono CFRP) nas mãos do condutor. Vindo da BMW e, sobretudo, da divisão M, já se esperava que fosse eficaz, mas o seu desempenho supera as melhores expetativas: estabilidade direcional inquestionável, aderência em curva irrepreensível, motricidade exemplar e direção com precisão milimétrica. É claro que a tração integral também ajuda.
A suspensão tem um esquema de duplos triângulos no eixo dianteiro e de cinco braços no eixo traseiro, que se encarregam de “digerir” todo o tipo de asfalto. Dispõe de três modos de condução – Road, Sport e Track -, ficando a garantia que no primeiro a sensação de conforto é quase igual à de um Série 7. A este “pormenor” não é alheio a longa distância entre eixos que cria uma enorme almofada mágica.
O motor V8 4.4 é sempre muito cheio e não é preciso subir muito as rotações para obter uma resposta absolutamente desmedida em estrada. Ganha velocidade com tanta rapidez e contundência que é fácil questionar para que servem os modos “Sport” e “Track”, os quais permitem configurar parâmetros como a entrega de potência, o tato da direção, a firmeza das suspensões e até a intensidade da travagem; tudo a partir dos botões M1 e M2 posicionados no volante ou no comando iDrive na consola central.
Pura diversão
Sentados atrás, a qualidade de execução é incensurável e os ocupantes sentem-se perfeitamente isolados do exterior, havendo apenas uma ligeira – e agradável – intromissão acústica do V8, com os vidros fechados. Os bancos são estupendos e os passageiros podem controlar o ar condicionado a partir de um ecrã posicionado entre as duas poltronas traseiras.
Este é um desportivo… puro. Perante tanta eficácia, os 625 CV quase que sabem a pouco… As retas fazem-se num ápice, e as curvas saem facilitadas pela ação do eixo traseiro que, curiosamente, neste M8 não é direcional. O Competition segue bem agarrado ao asfalto, a traseira gera carga aerodinâmica e as barras estabilizadoras ativas praticamente anulam a inclinação da carroçaria em apoio e a impressão de que o conjunto é pesado, simplesmente, desvanece-se. A travagem prolonga-se até meio da curva sem desequilíbrios, a frente entra com uma convicção inabalável e temos sempre motor para pôr à prova o sistema 4×4, que suporta a descarga de 750 Nm de binário e obriga o eixo traseiro a uma curta deriva à saída da curva. No final, o M8 segue elegante, mas com uma fatura bem pesada em termos de consumos. É pena, mas não se pode ter tudo…
Texto: Ricardo Carvalho
Fotos: Paulo Calisto
FICHA TÉCNICA
BMW M8 Gran Coupé Competition
TIPO DE MOTOR Gasolina, 8 cilindros em V, biturbo
CILINDRADA 4.395 cm3
POTÊNCIA 625 CV às 6.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 750 Nm entre as 1.800 e as 5.800 rpm
TRANSMISSÃO Integral, caixa auto 8 velocidades
V. MÁXIMA 305 km/h (c/ M Driver´s package)
ACELERAÇÃO 3,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO 11,2 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 255 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 5.098 / 1.943 / 1.420 mm
PNEUS 275/35 R20 (fre.)
285/35 R20 (tras.)
PESO 2.055 kg
BAGAGEIRA 440 l
PREÇO 247.886 €
GAMA DESDE 208.630 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 723,12 €
LANÇAMENTO Fevereiro de 2020