No início de 2022, rebentou a guerra na Ucrânia. Para além das numerosas sanções financeiras impostas pelas potências ocidentais, os fabricantes de automóveis historicamente presentes na Rússia (Stellantis, Renault, Volkswagen, etc.) decidiram abandonar o mercado.
Uma decisão simbólica e política que criou uma enorme oportunidade para os veículos chineses. A China de Xi Jinping, grande aliado da Rússia, aproveitou o vazio deixado pelos europeus para enviar centenas de milhares de automóveis chineses, que inundaram rapidamente o mercado russo. Mas a Rússia está a começar a ficar farta de todos estes carros chineses na estrada. Por isso, decidiu tomar medidas.
A invasão já se verificou no país, onde a quota de mercado dos veículos chineses passou de 9% em 2021 para 63% no ano passado. E isto, inevitavelmente, em detrimento dos construtores e fornecedores de equipamento russos. No total, a China exportou mais de um milhão de veículos para a Rússia no ano passado, o que representa 30% do total das suas exportações mundiais.
Para estancar a hemorragia, o Governo russo arranjou um estratagema: duplicar a taxa de reciclagem por veículo, que atualmente ascende a quase 7000 euros para os modelos importados. Só este imposto é muito mais elevado do que os novos direitos aduaneiros votados pela Europa contra os automóveis chineses. Deve ser suficiente para impedir a invasão de um país parceiro.