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O que são peças reconstruídas? Valem a pena?

Apesar das inúmeras vantagens que este tipo de produto apresenta para consumidores, meio ambiente, marcas e reparadores, tem tardado em assumir uma posição de relevo no mercado após-venda automóvel. Mas o que são peças reconstruídas?

Na área automóvel, um produto reconstruído é todo aquele em que as peças de desgaste que o compõem são substituídas por peças novas. A reconstrução é um processo que leva à recuperação do valor acrescentado atribuído ao material quando o produto foi inicialmente construído. Este tipo de produto, tem de oferecer ao consumidor a qualidade e fiabilidade da peça nova, pelo que todo o processo de reconstrução terá de ser efetuado de acordo com os padrões de qualidade definidos pela marca. A base fundamental do produto reconstruído é a peça usada que é substituída na reparação. As peças reconstruídas são uma área de negócio que em Portugal tem ainda uma baixa percentagem de incorporação nas reparações auto.
Internacionalmente, a peça usada é conhecida pela designação Core. É o início e o fim do ciclo de vida do produto reconstruído. É, portanto, fundamental que, por cada peça reconstruída utilizada, exista a devolução do Core para que o processo não sofra interrupções. Devido a diversas circunstâncias, apenas se conseguem recuperar cerca de 80% de todos os “Core” substituídos o que, em muitos casos, dificulta a disponibilidade deste tipo de produto.

Existem no mercado diversos elementos iniciados com o prefixo “Re“ que devido à semelhança de processos e do produto final, podem ser facilmente confundidos com peças reconstruídas e causar confusão junto do consumidor. Temos como exemplos:

Recondicionado: foi recuperada a funcionalidade do produto como novo ou quase como novo, mas não implica que ele continue a ter mesma garantia de qualidade, nem que todos os componentes tenham sido desmontados, limpos ou substituídos.

Reusar: significa que o produto já foi utilizado anteriormente. Como não sofreu qualquer intervenção, todos os problemas adquiridos durante a primeira utilização, continuam lá.

Reparar: é tornar operacional um produto que teve uma avaria. Normalmente a intervenção é feita exclusivamente no local ou no componente que a provocou e não em todo o produto.

Reciclar: é retornar o produto à matéria-prima, que posteriormente pode ser utilizada na construção de uma nova peça. A reciclagem implica a destruição do produto o que, quando se trata de peças para veículos em final de vida, pode levar à não produção de uma peça igual. Aquilo que diferencia um produto reconstruído de todos os outros é o processo que leva à sua reconstrução e que se desenvolve em sete etapas:

– Recolha do Core;
– Inspecção e identificação de falhas;
– Desmontagem do produto;
– Limpeza dos componentes;
– Substituição dos componentes sujeitos a desgaste;
– Montagem do produto;
– Teste e ensaio de funcionalidade;

As possibilidades de reconstrução são vastas e, em teoria, qualquer produto pode ser reconstruído. Em Portugal os componentes reconstruídos mais comuns são motores, caixas de velocidade, alternadores, transmissões, caixas de direção, unidades eletrónicas, painéis de instrumentos, cabeças de motor, motores de arranque, embraiagens, catalisadores, bombas injetoras, injetores e radiadores.

A utilização deste tipo de peças tem inúmeras vantagens:

Para o meio ambiente:

A energia despendida na reconstrução é substancialmente inferior à necessária para produzir uma nova unidade. Por exemplo, na reconstrução de três alternadores gasta-se apenas 14% da energia e 12% do material relativamente ao fabrico das peças novas. Em cinco motores de arranque a diferença ainda é maior: 9% de energia e 11% de material; Reduz a emissão de milhões de toneladas de dióxido de carbono; Poupa milhões de BTU’s de energia.

Para as marcas automóveis:

Reduz substancialmente os custos de produção; Coloca no mercado peças a preços mais concorrenciais com uma margem de lucro duas vezes superior à das peças novas;
Reduz o custo das garantias.

Para os consumidores:

Têm como opção peças com um custo 30% a 65% inferior ao preço de uma peça nova, com idêntica qualidade e com as mesmas condições de garantia. Este é sem dúvida um negócio com grande margem de progressão. No entanto, existem, a vários níveis, alguns desafios que têm de ser ultrapassados para que este negócio se possa afirmar e conquistar o seu lugar. Um, se não mesmo o mais importante, é que o consumidor passe a confiar na qualidade das peças reconstruídas. Muitas vezes ainda é feita a associação: reconstruído = pouca qualidade.
Isto só é possível se a rede de reparadores transmitir de forma clara aos clientes, a qualidade e fiabilidade destas peças e as vantagens económicas que esta solução representa. As marcas têm também um papel importante a desempenhar neste processo alargando o número de produtos disponíveis, facilitando o processo de devolução dos Core e procurando oferecer estas peças a um preço cada vez mais acessível. Perante o que atrás foi escrito e em forma de conclusão poder-se-á afirmar que as peças reconstruídas são fiáveis, mantêm os padrões de qualidade na reparação automóvel, são uma área de negócio com enorme potencial de crescimento e uma mais valia para todos os intervenientes bem como para o meio ambiente. Não estamos com isto a dizer para que não compre peças novas, estamos apenas a mostrar-lhe que existem opções e algumas a preços mais reduzidos que lhe vão permitir poupar bom dinheiro na próxima manutenção do seu veículo. Contudo há peças que convém montar apenas novas e originais.

 

 

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