Elon Musk enfrenta crise interna na Tesla enquanto trabalhadores exigem salários justos e melhores condições.
Elon Musk, o controverso CEO da Tesla, está a enfrentar uma nova onda de críticas, desta vez vindas dos próprios funcionários da empresa. Trabalhadores de várias fábricas da Tesla, incluindo a Gigafactory de Berlim, têm reclamado há meses por aumentos salariais e melhores condições de trabalho. Enquanto isso, Musk aumentou os salários dos funcionários do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), um movimento que tem gerado ainda mais insatisfação entre os trabalhadores da Tesla.
Descontentamento nas fábricas da Tesla
A Gigafactory de Berlim, uma das mais importantes para a expansão da Tesla na Europa, tem sido o epicentro das reclamações. Os trabalhadores denunciam diferenças salariais significativas entre as fábricas, mesmo dentro do mesmo país. Por exemplo, um funcionário na Califórnia pode ganhar até 39 dólares por hora, enquanto um colega no Texas ou Nevada recebe apenas 22 dólares pelo mesmo trabalho. Estas disparidades têm levado a protestos e ameaças de greve.
A resposta de Musk às reclamações dos trabalhadores tem sido dura. O CEO ameaçou demitir funcionários que se juntem a sindicatos, uma postura que tem sido criticada por organizações de direitos laborais. Apesar de a Tesla oferecer bónus como o “Cyber Wallet” (um incentivo financeiro para funcionários com mais de seis meses de antiguidade), muitos trabalhadores consideram estas medidas insuficientes para compensar as más condições de trabalho e as diferenças salariais.
Falta coerência
Enquanto os trabalhadores da Tesla lutam por salários mais justos, Elon Musk aumentou os salários dos funcionários do DOGE, um departamento governamental que ele lidera há apenas dois meses. Funcionários como Jeremy Lewin e Kyle Schutt recebem salários anuais que ultrapassam os 150.000 euros, valores que contrastam fortemente com os salários médios dos trabalhadores da Tesla.
Este aumento salarial no DOGE, financiado pelos contribuintes, tem sido visto como um exemplo da dualidade de Musk: enquanto recompensa generosamente os funcionários ligados ao governo, os trabalhadores da sua própria empresa continuam a lutar por condições dignas. Esta discrepância tem alimentado críticas de que Musk prioriza os seus interesses políticos e pessoais em detrimento dos funcionários que mantêm a Tesla em funcionamento.
Mais esta crise interna na Tesla ocorre num momento delicado para a empresa. As vendas globais têm caído, e as ações da Tesla sofreram uma queda significativa nos últimos meses. Além disso, a imagem de Musk tem sido prejudicada pelas suas polémicas declarações públicas e pelo seu envolvimento em questões políticas, como o seu apoio a Donald Trump.
A insatisfação dos trabalhadores pode ter um impacto ainda maior na reputação da Tesla, especialmente num momento em que a concorrência no mercado de carros elétricos está a aumentar.