Uma mistura de pressão legal por parte dos rivais, significados infelizes para o nome pretendido e o peso da opinião pública resultou na mudança de nome destes automóveis.
Poucos dias depois de ter revelado o seu novo SUV mais pequeno e o seu primeiro veículo elétrico, a Alfa Romeo optou por mudar o nome do modelo de Milano para Junior (ver notícia). Os funcionários do governo italiano opuseram-se a que a Alfa desse ao SUV o nome de uma cidade italiana, quando vai ser produzido em Tychy, na Polónia.
É uma decisão aborrecida e, sem dúvida, dispendiosa para a Alfa, mas a marca italiana está longe de ser o único construtor de automóveis que mudou o nome de um carro antes de ser conduzido pelos clientes.
Porsche 901 > 911
A Porsche mostrou ao mundo o sucessor do 356 no Salão Automóvel de Frankfurt de 1963, completo com emblemas “901” na traseira. Esta designação não agradou à Peugeot, que já estava a comercializar modelos com um número de três dígitos com um “0” no meio, por isso a Porsche mudou-lhe o nome para 911 – mas não antes de 82 carros terem sido construídos para fins de desenvolvimento e marketing, alguns dos quais sobrevivem.
Aston Martin Vantage GT3 > GT12
Desta vez, foi a Porsche a opor-se. Quando a Aston Martin apresentou a edição limitada do Vantage GT3 em 2015, a Porsche argumentou que estava a utilizar o nome desde 1999 e que o tinha registado em 2011, apesar de “GT3” se referir a uma classe de corridas e, teoricamente, pertencer à FIA.
Alfa Romeo Milano > Giulietta
Por incrível que pareça, a mais recente alteração de Milano/Junior não é a primeira vez que acontece na Alfa Romeo que já te de abandonar o nome Milano anteriormente. Em 2009, estava tudo pronto para utilizar a designação no seu concorrente do Golf, mas os responsáveis da Fiat decidiram que provavelmente não era uma jogada inteligente, considerando que a marca estava a fechar o seu centro de design milanês em Arese e ia construir o carro – renomeado Giulietta – em Turim.
Ford Escort > Focus
Desfazer-se de um nome que existe há 30 anos é uma jogada ousada, e é por isso que até ao último minuto antes do Salão Automóvel de Genebra de 1998, a Ford ia manter o nome Escort para o carro que iria revelar nesse evento. Os rumores dizem que o fabricante chegou a produzir emblemas e material promocional para um novo Escort. Mas um automóvel tão inovador, elegante e divertido de conduzir (tudo o que os Escorts europeus recentes não eram) merecia um novo nome e, por isso, foi o Focus que se estreou em Genebra em março.
Volvo S4 > S40
O novo sedan compacto S4 da Volvo já tinha feito a sua estreia mundial quando a Audi se opôs à utilização, pelos suecos, de um nome que já se encontrava na traseira dos seus sedans e carrinhas de tamanho médio no início e meados da década de 1990. A resposta do construtor sueco foi acrescentar um zero ao sedan, transformando-o em S40, enquanto a carrinha ainda em desenvolvimento, que estava originalmente destinada ao nome F4, se tornou no V40 e não no F40, por razões óbvias.
Audi S4 > S6
Há uma reviravolta na saga do S4: na altura em que surgiu a disputa com a Volvo, a Audi já tinha mudado o nome S4 para S6, uma etiqueta que ainda hoje utiliza da mesma forma. A razão foi que o sedan 100 normal em que ambos os automóveis se baseavam estava a ser rebatizado de A6 como parte de um facelift de 1994. O emblema S4 reapareceria no final de 1997 numa versão desportiva do compacto A4.
Fiat Gingo > Panda
Aqui está outro exemplo de como a Fiat lança primeiro e pensa depois. O seu novo hatch de dimensões reduzidas, prático e acessível para 2003 foi um ajuste perfeito para o nome Panda, que estava prestes a ser deixado à procura de emprego depois do Panda original de Giugiaro ter sido retirado nesse mesmo ano. No entanto, a Fiat lançou o novo automóvel como Gingo, antes da Renault reclamar que soava muito como Twingo, por isso acabou por optar por Panda.
Ford GT40 > GT
No início dos anos 2000, a retromania estava ao rubro e a cópia descarada que a Ford fez do seu próprio carro de corrida Le Mans dos anos 60 para um conceito de 2002 causou sensação. Mas a Ford nunca se preocupou em licenciar o nome “GT40” quando estava a dar cabo da Ferrari e só conseguiu fazer um acordo com o proprietário moderno do nome, a Safir GT40 Spares, sediada no Ohio, para que o novo modelo usasse essa designação. Outras negociações tinham sido interrompidas na altura em que o carro de produção estava pronto, por isso, quando as vendas começaram, chamava-se Ford GT – que é tecnicamente o nome das versões de estrada do GT40 durante a década de 1960.
Buick Lacrosse > Allure
A Alfa optou por mudar o nome do seu novo SUV de Milano para Junior em todos os mercados, embora pudesse tê-lo mudado apenas em Itália para apaziguar o governo local. As diferenças linguísticas e culturais em todo o mundo significam que os nomes podem parecer corretos em 19 mercados e ofensivos ou estranhos num vigésimo. É por isso que a primeira geração do Buick Lacrosse recebeu o nome do jogo desportivo nos Estados Unidos e na China, mas no Canadá recebeu o distintivo Allure, porque “faire la crosse (fazer a cruz)” é calão quebequense para “masturbar-se”. Como este há mais exemplos. Por exemplo, o Toyota MR2 em França chama-se MR, por MR2 soava a “emerdeur”… qualquer como… “chato e maçador”…… O exemplo mais recente vem do Hyundai Kauai que em todo o mundo se chama Kona. Não é preciso explicar o porquê desta mudança.
Fiat … Sporting
Em Portugal, para evitar fanatismos clubísticos, as versões Sporting do Fiat Punto e Fiat Seicento, perderam as três últimas letras. Rebatizados como Punto e Seicento Sport, já não afastavam os adeptos do Benfica ou do FC Porto.
Mitsubishi Pajero
Em espanhol, Pajero é o homem que se masturba, razão pelo que o todo-o-terreno da marca mudou de nome para Mitsubishi Montero. O curioso é que o nome original tinha uma inspiração sul-americana, onde mais de metade da população se exprime em castelhano, pois o Leopardus pajeros são os gatos selvagens das pampas argentinas, na região da Patagónia. Já agora fique a saber que Montero significa “caçador da montanha”.
Ford Pinto
No Brasil, Pinto é a expressão corrente para o órgão sexual masculino. Produzido, entre 1971 e 1980, o Ford Pinto foi um dos carros mais vendidos nos EUA, onde Pinto é o nome de uma raça de cavalos. No Brasil, foi vendido com o nome de Ford Corcel. Ainda assim a ver com cavalaria.