Luca Napolitano, o responsável máximo da Lancia, recebeu de Carlos Tavares uma tarefa: relançar a marca de forma credível e respeitada.
Com estas premissas, a marca italiana vai lançar-se no mercado europeu, numa primeira fase em seis países, com uma gama que vai começar a tomar forma a partir de 2024 com o lançamento do novo Ypsilon… Falámos com ele acerca dos planos e dos desafios para o futuro.
Uma das primeiras questões não podia deixar de abordar o passado desportivo da marca e se haverá alguma forma de o transpor para o futuro. “O desporto motorizado é um dos nossos objetivos, mas não é aquele que pesa mais. Todos os CEO que passaram pela Lancia tentaram trazer de volta a filosofia desportiva, mas não é fácil. É preciso posicionar tudo de forma correta e a partir daqui verificar as prioridades, sempre de forma humilde. O que temos pela frente vai ser difícil. A parte desportiva sim, mas depois de termos alcançados outros objetivos mais importantes”. E quais são? “Credibilidade. Primeiro da empresa e depois no mercado. É preciso alcançá-lo, mas, felizmente, toda a gente quer que consigamos ser bem sucedidos.”
Gama de três, de cinco modelos?
“Ainda é cedo para anunciarmos isso, mas digo já que os dois primeiros são os mais importantes. O Delta é o objetivo. O Ypsilon já está definido; ainda há pequenos detalhes para rever e definir, mas está pronto. O segundo modelo está numa fase muito avançada. O terceiro ainda vamos começar. Temos tempo, mas também a certeza que queremos fazer o Delta, até porque todos o querem”
Mas o Delta vai ser um compacto?
“Trata-se de uma modelo de segmento C, até porque queremos dar-lhe um pouco do aspeto de um hatchback e abdicar do lado mais SUV. Se pensamos na eletrificação, um hatchback é uma bola solução porque ajuda na questão da autonomia e na sustentabilidade. Para mim, este modelo vai ser o regresso a uma época menos crossover. Não temos medo de deixar de lado a forma de crossover. Se a ideia é ter sustentabilidade, mas ter de olhar para tudo isto de uma forma um pouco distinta.
E como será o interior?
“No interior, estamos a trabalhar de forma muito distinta. A tendência dos interiores inspirados na “furniture” (móveis) será muito importante. É difícil descrever, mas estamos a trabalhar em colaboração com um parceiro de design premium italiano. Vai acabar por diferenciar tudo”.
Como se vai diferenciar a Lancia das outras marcas premium da Stellantis?
“As três marcas trabalham em parceria, pois até partilhamos as equipas de design. Contudo, também trabalhamos muito a diferenciação das três marcas. A Alfa e a Lancia são marcas italianas, uma de performance e a outra de elegância. A Lancia e a DS são duas marcas elegantes, uma mais simples e fácil, onde as curvas são ligeiras e simplistas e os detaçhes estão escondidos. Na DS há uma maior tendência para dar ênfase aos detalhes. É nisto que Jean Pierre Ploue está a fazer um trabalho fenomenal.
Isto é o estilo… e a tecnologia?
“A tecnologia é a conhecida do grupo, mas pode ser personalizada. Por exemplo, o nosso sistema de infoentertenimento SALA não quero que tenha muitos botões. Imaginamos um cliente Lancia sem pressas, sem problemas, anda devagar, conduz de forma tranquila, não é agressivo, nós vemos um pouco assim. Nós vamos ter a nossa tecnologia de alto nível, simples, intuitiva e fácil de acionar”.
Vendas? Pela internet?
“Prevemos um total de 50% em todos os países onde estaremos implantados, por duas razões. No primeiro caso, o nosso cliente é muito focado nisto. Já o fazemos atualmente, o atual Ypsilon é vendido online. A tendência é positiva, até porque 15% das vendas a particulares é feita pela internet. A ideia é que os clientes comecem na internet o processo de compra, mas que depois passem para um concessionário. E não poderão haver diferenças de preços entre comprar online e no concessionário. O controlo dos preços será nosso, o que representa uma vantagem para o cliente.”
“Ainda temos muito para fazer, vai ser preciso começar com os concessionários, com os contratos de marketing. Ainda temos tempo pela frente para educar as pessoas, mostrar-lhe o carro e queremos que as pessoas os comprem porque gostam mesmo, porque é um Lancia. Primeiro o Ypsilon e depois o Delta… vai ser este o início da marca. Todos queremos que assim seja.”