fbpx




A situação dos automóveis elétricos entre a UE e a China continua a deteriorar-se sem que haja sinais de um acordo à vista. Em julho, Bruxelas impôs tarifas provisórias de 38,1% sobre os veículos elétricos importados da China.

A Europa também tem estado em conversações com a China, com a promessa de dialogar com as autoridades chinesas antes de as tarifas se tornarem definitivas. No entanto, parece que não se chegou a uma solução.

Segundo a Bloomberg, a União Europeia decidiu impor tarifas de até 45% sobre os automóveis elétricos provenientes da China, uma medida que irá intensificar as tensões comerciais com Pequim. As tarifas poderão manter-se em vigor durante cinco anos.

Além disso, segundo a Euronews, há marcas específicas que enfrentam percentagens individuais: 7,8% para a Tesla, 17% para a BYD, 18,8% para a Geely e 35,5% para a SAIC. Por outro lado, os fornecedores que participaram na investigação europeia, mas que não foram incluídos individualmente na amostra, serão sujeitos a uma tarifa de 20,7%.
Os fabricantes chineses que não colaboraram no inquérito serão afetados por uma tarifa de 35,3%. Estes direitos aplicar-se-ão a partir de novembro e serão cobrados pelas alfândegas, acrescentando-se aos 10% já existentes, o que fará com que algumas marcas chinesas sejam sujeitas a direitos aduaneiros superiores a 45%.

Apesar da decisão, muitos países não participaram na votação e o resultado não foi unânime entre os Estados-Membros. A regra foi adotada após uma votação com muitas abstenções. Embora não seja oficial, pensa-se que a França, a Itália e os Países Baixos votaram a favor, enquanto a Hungria se opôs fortemente. A Alemanha, influente na indústria automóvel fez lobbying contra as tarifas, terá passado da abstenção à oposição no último minuto. Embora este passo tenha sido dado, as negociações entre a UE e a China continuarão até 30 de outubro, data limite estabelecida pela investigação da Comissão. A Alemanha, preocupada com possíveis retaliações que possam afetar a sua economia já enfraquecida, espera que seja encontrada uma solução, receando que a retaliação da China a prejudique ainda mais. Nas últimas duas décadas, as empresas alemãs reforçaram as suas relações comerciais com a China.
Por isso, qualquer retaliação pode prejudicar estes laços estreitos. “É claro que temos de proteger a nossa economia das práticas comerciais desleais”, declarou o chanceler Olaf Scholz esta semana.

Espera-se uma reação rápida da China, uma vez que Pequim ameaçou, desde o verão, impor as suas próprias tarifas a setores europeus como os lacticínios, o brandy, a carne de porco e os automóveis.

No mês passado, Mario Draghi, antigo presidente do Banco Central Europeu, lançou um aviso severo sobre os perigos que a China representa para a União Europeia. Segundo Draghi, a “concorrência estatal da China” representa uma séria ameaça, uma vez que pode deixar a UE exposta a tácticas de coerção económica. Apesar desta preocupação, a UE continua dividida quanto à possibilidade de avançar com novas tarifas sobre os automóveis eléctricos chineses. Em 2023, o comércio entre a UE e a China atingiu 739 mil milhões de euros, um valor que sublinha a magnitude das relações económicas entre as duas potências. No entanto, este elevado volume de comércio também aumenta o risco de escalada das tensões comerciais, o que levou a um debate interno sobre se a aplicação destas tarifas é a melhor estratégia ou se poderá ter repercussões negativas no futuro.

Ricardo Carvalho

Ver todas as publicações
Publicidade
Siga-nos no Facebook:
Publicidade
Publicidade