A China está a preparar-se para dar um salto gigantesco na exploração de energias renováveis com um projeto que parece saído de ficção científica: uma central solar espacial com 1 quilómetro de diâmetro, capaz de recolher luz solar sem interrupções e transmiti-la para a Terra sob a forma de micro-ondas.
Energia sem limites
Enquanto os painéis solares terrestres dependem de condições atmosféricas e ciclos dia/noite, a estação orbital – posicionada a 36.000 km de altitude – terá acesso permanente à radiação solar, com uma eficiência dez vezes superior. “É como comparar uma lanterna a um farol”, explica o cientista Long Lehao, da Academia Chinesa de Engenharia.

A tecnologia de transmissão por micro-ondas, já testada em pequena escala, será crucial. A energia captada no espaço será convertida em ondas eletromagnéticas e enviada para antenas terrestres, onde será transformada novamente em eletricidade para alimentar cidades ou carregar veículos elétricos.
Um desafio logístico sem precedentes
O projeto enfrenta obstáculos colossais. A construção exigirá o lançamento de milhares de toneladas de equipamento para o espaço, incluindo painéis solares ultraleves e um sistema de transmissão de alta precisão. A China prevê desenvolver um foguetão de carga pesada dedicado à missão, num processo que poderá demorar décadas.
A comparação com a Barragem das Três Gargantas não é casual: se bem-sucedida, a central espacial poderá gerar, anualmente, energia equivalente a todo o petróleo extraível do planeta.
Implicações globais
Especialistas destacam o potencial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, mas alertam para riscos: a transmissão de micro-ondas exigiria zonas de exclusão para evitar interferências!
E, apesar de graves, não são os únicos contras. As estimativas iniciais também sugerem investimentos superiores a 100 mil milhões de dólares, além de que, segundo os especialistas, um projeto desta natureza pode reacender debates sobre militarização do espaço.
A Agência Espacial Europeia e os EUA também investigam tecnologias semelhantes, mas a China parece estar na dianteira. “É um passo inevitável para a humanidade”, afirma Lehao. “Quem dominar esta tecnologia controlará o futuro energético.”
Enquanto isso, na Terra, a aposta em renováveis continua – mas, brevemente, o sol que nos aquece poderá vir, literalmente, de cima.