A Renault volta a olhar para a solução de extensores de autonomia para elétricos, tecnologia que não convenceu até agora. O que são, e quais as vantagens destes sistemas?
Mais fabricantes olham para os extensores de autonomia como solução para elétricos. A autonomia ainda é uma barreira para o sucesso comercial dos elétricos, mas vários estudos demonstram que a maioria dos trajetos diários é inferior ao alcance das baterias. E, neste contexto, os extensores de autonomia cumpririam todas as exigências reais de transporte diário, incluindo nas viagens esporádicas de longa distância.
O truque que permite aos veículos elétricos mais do que duplicarem as autonomias estaria, então, nos chamados Range Extender, que na Renault será também sinónimo de uma nova gama de automóveis, que resulta de uma joint-venture com a chinesa Geely. Desta sinergia resulta a Horse, empresa em Madrid, com o objetivo de criar os motores eficientes para a mobilidade do futuro.
Patrice Haettel, CEO da Horse, e porta-voz para a nova tecnologia Range Extender, que garante que “quando a bateria se esgota, o utilizador tem mais 600 quilómetros de autonomia para viajar mais longe.
Como? Neste caso, temos uma unidade de propulsão elétrica que será responsável pela condução das rodas em todos os momentos e que, graças à bateria instalada, lhe permitirá percorrer 200 quilómetros sem emissões. De acordo com a marca, a bateria tem metade do tamanho da de um carro elétrico puro, suficiente para cumprir as necessidades de transporte da maioria dos utilizadores numa semana.
Depois, é incorporado um motor de combustão para alimentar um gerador elétrico (com 68 CV para os veículos de passageiros e de 109 CV para os veículos comerciais ligeiros), com a única função de alimentar a bateria, mantendo-se sempre numa gama de rotações eficiente. Este motor térmico nunca aciona as rodas e desliga-se quando há carga suficiente na bateria.
No sistema Range Extender da joint-venture da Renault a bateria pode ser carregada a partir de uma fonte externa, incluindo um carregador de bordo. Isto permitiria utilizar mais eletricidade para as deslocações diárias, que são atualmente mais baratas, e poupar gasolina para outras ocasiões.
O que tem de novo?
Está solução de motorizações híbridas são, na verdade, híbridos de série, em que o motor a combustão apenas recarrega a bateria e nunca aciona as rodas. E não são tão novos assim, incluindo no seio da Aliança formada pela Renault, Mitsubishi e Nissan, que desenvolveu a tecnologia e-Power, tanto para o Qashqai como para o X-Trail, embora nenhum destes modelos disponha de um carregador externo para alimentar a bateria, como acontecerá com os Horse.
Mazda usa motor Wankel
A Mazda iniciou durante o ano passado a comercialização do novo MX-30 R-EV, basicamente um MX-30 plug-in, solução que recorre a um motor rotativo Wankel para garantir uma autonomia total alargada para este modelo que se vendia até aqui apenas numa versão elétrica.
Com uma bateria de 17,8 KWh, o MX-30 R-EV oferece uma autonomia 100% eléctrica de 85 km e, fruto da utilização da tecnologia de motor rotativo exclusiva da Mazda, o novo motor a gasolina de rotor único, com 830 cc de cilindrada, permite viagens de longa distância sem ansiedades ao nível dessa mesma autonomia ou nos carregamentos, até porque pode ser abastecido com gasolina.
Veja o vídeo aqui: Mazda MX-30 e-Skyactiv R-EV
Atuando apenas como gerador, ou seja, sem ter qualquer ligação mecânica direta com as rodas, a unidade rotativa assegura que o MX-30 R-EV pode sempre locomover-se na estrada através do motor eléctrico, proporcionando uma experiência de condução EV perfeita.
O motor rotativo encontra-se colocado no compartimento mecânico, ao lado do gerador e do motor de alto rendimento. A combinação da bateria de 17,8 kW e do depósito de combustível de 50 litros cria, assim, um híbrido plug-in único, com uma autonomia total flexível superior a 600 km, com apenas 21 g/km de emissões de CO2 (WLTP), assegurando um desempenho ambiental líder na sua classe.
BMW abandonou o REX
A BMW foi das primeiras marcas a disponibilizar extensor de autonomia de segunda geração no i3 REX. E também a fazer marcha-atrás nesta decisão. De acordo com a marca bávara, além da baixa procura, o aumento considerável da autonomia do BMW i3 exclusivamente elétrico condenou a versão com extensor de autonomia. Na visão da marca, as baterias mais recente nos seus elétricos garantem autonomia mais do que suficiente para evitar o recurso ao extensor de autonomia.
“Juntamente com a crescente oferta de postos de carga rápida, acreditamos que a procura dos clientes estão a mudar para modelos puramente elétricos”, afirmavam então os responsáveis da BMW.
Outros contras
No reverso da moeda das vantagens dos sistemas com extensores de autonomia: o peso e as dimensões. Motor elétrico e gerador juntos representam um lastro de cerca de 300 kg, que, em teoria, em 90% do tempo de uso, são apenas peso morto. A que se soma a presença de um depósito de combustível, que, mesmo tendo a capacidade reduzida, colocará sempre questões de espaço na estrutura.
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