Suficientemente espaçosos para acomodar sete pessoas, confortáveis de conduzir, fiáveis em termos de desempenho e sólidos em termos de tecnologia. Estes dois SUV são parentes não muito distantes e contam com eficientes mecânicas híbridas com caraterísticas especiais. Semelhantes, mas tão diferentes, aqui fica a “nossa” comparação entre ambos.
A evolução destes dois modelos é curiosa. Partilham um papel de liderança no seio da Aliança Renault-Nissan e isso implica algumas sobreposições tecnológicas, como a plataforma, por exemplo. O Renault Espace esteve sempre à frente do seu tempo e soube transformar-se nesta sua sexta geração, passando de um MPV quase de culto a um crossover. O Nissan X-Trail sempre se saiu bem neste domínio, e a melhor prova é que já vai na sua quarta geração.
Querendo ou não, lutam agora na mesma frente familiar, com versões de 5 ou 7 lugares nas suas gamas, interiores espaçosos e confortáveis, um equipamento tecnológico considerável e uma gama de motores muito competente.
O Espace, construído em Palencia, é mais contido porque disponibiliza apenas uma versão híbrida autorecarregável de 200 CV. Esta combina um eficiente motor a gasolina de 1,2 litros, turbo, de três cilindros e 130 CV, com um motor principal elétrico de 70 CV e um motor auxiliar de 25 CV, que funciona como gerador e motor de arranque, e que só ocasionalmente apoia os outros dois.
Arranque em modo EV
A sua transmissão automática multimodo não tem embraiagem, o que significa que arranca sempre eletricamente. E quanto às patilhas no volante, são utilizadas para gerir a intensidade da travagem regenerativa entre quatro níveis.
Por seu lado, o X-Trail é mais “elétrico” do que o seu rival na versão e-Power comparada (oferece também uma alternativa híbrida ligeira com 163 CV). Neste caso, sob o capô encontramos um motor a gasolina de 1,5 litros com 158 CV, cujo único objetivo é alimentar a bateria de 2,1 kWh. Aqui as rodas têm sempre tração elétrica. O gerador elétrico dianteiro produz 204 CV, e se a versão for 4×4, como o nosso protagonista, acrescenta um segundo gerador traseiro de 136 CV. A potência total é de 213 CV.
Dito isto, ambos os modelos são extremamente refinados em movimento, especialmente dentro e fora da cidade, onde a condução não é demasiado exigente. É aqui que o Espace tira o máximo partido do sistema elétrico. A “paz” é quebrada em ambos quando o motor a gasolina arranca, o que não tem de ser em alturas de exigência máxima. Incomoda mais do que o esperado porque a energia elétrica é muito forte em ambos e a ação térmica quebra esta harmonia.
Em termos de desempenho, são muito idênticos. A resposta é suficientemente vigorosa para efetuar manobras de ultrapassagem com facilidade e a progressividade é uma constante. Mais no japonês do que no francês, que apresenta algumas falhas de impulso quando a transmissão muda a relação de caixa no seu mapa multimodo.
O X-Trail tem melhores valores de aceleração e de recuperação. É de notar que o Nissan pesa mais 156 kg do que o Renault.
Consumos: melhor o gaulês
O consumo de combustível é, contudo, mais elevado. Durante o teste, a média foi de 8,1 l/100 km, enquanto o gaulês se ficou pelos 6,9 l/100 km, uma diferença significativa. A propósito, o Espace é mais comprido, mas curva melhor. Há um truque para isso. A nossa unidade estava equipada de série com a direção às quatro rodas 4CONTROL, que reduz o raio de viragem a baixa velocidade (melhora as manobras), rodando as rodas traseiras no sentido oposto ao das rodas dianteiras. Quando aceleramos o ritmo em estrada, elas fazem-no na mesma direção, aumentando a estabilidade e o dinamismo do veículo. No final, é mais ágil, até porque a tração é sempre dianteira.
O X-Trail oferece versões 4×2 e 4×4. A tração integral da nossa unidade também acrescenta pontos dinâmicos, especialmente em superfícies de baixa aderência. Permite ao Nissan enfrentar os desafios fora de estrada, mesmo os de dificuldade mais elevada. A sua direção é mais lenta, mas em contrapartida dispõe de uma função i-Pedal, para dar descanso ao pedal do travão quando se aumenta a travagem regenerativa (no entanto, preferimos as patilhas do seu rival).
Olhemos para os habitáculos. O Espace oferece 7 lugares de série e 5 lugares sem custos adicionais se quiser acrescentar 100 litros à bagageira, já de si maior. O X-Trail começa com 5 lugares e está disponível com 7 lugares mediante um custo adicional (1300 euros). Em ambos, o banco traseiro tem regulação longitudinal dividida.
O X-Trail também dispõe de alguns centímetros extra de espaço para as pernas e de maior largura traseira. E, como sempre, a terceira fila, para as crianças ou para uma utilização ocasional; se não estiverem a ser utilizadas, podem ser rebatidas individualmente. No japonês, as portas traseiras abrem-se quase a 90 graus, o que facilita um pouco as coisas no acesso ao interior.
Os acabamentos de topo de ambos os modelos são de elevada qualidade, muito semelhantes em termos de acabamentos e materiais. A apresentação é sempre digital, mais vincada e minimalista no Espace, que utiliza o sistema operativo Android Auto e as vantagens das aplicações multimédia da Google.
Generosos
O X-Trail mantém formas de acionamento dos vários elementos do habitáculo com comandos físicos, que são talvez menos espetaculares à vista, mas que são mais intuitivos quando se está em andamento.
Por fim, o equipamento tecnológico é generoso e muito avançado, tanto no Nissan como no Renault, com assistentes ADAS múltiplos e variados. Em suma, o X-Trail é o mais completo, embora seja também mais caro.
Texto Eduardo Cano
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Partilham a obsessão de cuidar ao máximo das famílias, mas para além da sua amplitude e conforto, a tecnologia híbrida vai em direções diferentes. O Espace é mais eficiente em termos de combustível e mais dinâmico; é também mais económico. O X-Trail oferece uma personalidade mais elétrica e, neste caso, dispõe de uma tração integral, impossível no seu rival e garantia de maior aderência. O Espace paga menos 80 euros de IUC, mercê da utilização de um motor 1,2 litros.
FICHA TÉCNICA
NISSAN X-TRAIL 1.5 E-POWER E-4ORCE TEKNA 7 LUG.
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.498 cm3
POTÊNCIA 156 CV
BINÁRIO MÁXIMO 250 Nm entre as 2.400 e as 4.400 rpm
TRANSMISSÃO Integral, caixa automática 1 velocidade
SISTEMA ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Dianteiro e traseiro, síncronos de ímanes permanentes
POTÊNCIA 204 CV/136 CV
BINÁRIO MÁXIMO 330 Nm/195 Nm
BATERIA Iões de lítio, 1,8 kWh
SISTEMA HÍBRIDO
POTÊNCIA TOTAL 213 CV às 5.500 rpm
BINÁRIO TOTAL 525 Nm
VELOCIDADE MÁXIMA 180 km/h
ACELERAÇÃO 7,0 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 6,6 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 148 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.680 / 1.840 / 1.695 mm
PNEUS 235/55 R19
PESO 1.935 kg
BAGAGEIRA 465-1.396 l
PREÇO 55.360 €
GAMA DESDE 44.800 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 185,58 €
LANÇAMENTO Novembro de 2022
FICHA TÉCNICA
RENAULT ESPACE ESPRIT ALPINE E-TECH FULL HYBRID 200
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.199 cm3
POTÊNCIA 130 CV às 4.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 205 Nm às 1.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto multimodo de 15 modos
SISTEMA ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Dois motores elétricos síncronos permanente
POTÊNCIA 68 CV/34 CV
BINÁRIO 205 Nm/50 Nm
BATERIA Iões de lítio, 2 kWh, 400 V
SISTEMA HÍBRIDO
TIPO DE MOTOR Elétrico – gasolina
POTÊNCIA TOTAL 200 CV (146 kW)
BINÁRIO TOTAL N.D.
VEL. MÁXIMA 175 km/h
ACELERAÇÃO 8,8 s (0 a 100 km/h)
CONSUMOS (WLTP) 4,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 109 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.722 / 1.843 / 1.645 mm
PNEUS 235/45 R20
PESO 1517 kg
BAGAGEIRA 159-677-777 l
PREÇO 46.380 €
GAMA DESDE 43.580 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 108,32 €
LANÇAMENTO Setembro de 2023