ASX e Vitara são já clássicos entre os SUV urbanos. Ambos renovaram-se recentemente para continuarem a ser ainda mais polivalentes, especialmente nas suas versões híbridas ligeiras. Vamos conhecê-las.
Tanto o Mitsubishi ASX como o Suzuki Vitara têm uma longa história no mercado automóvel e são, relativamente, populares no nosso país. Mais o Vitara, até porque o ASX é mais recente em Portugal. Há muito que mudaram de estilo e até um pouco de conceito, o Vitara deixou de ser o 4×4 duro e capaz de há décadas para se tornar num SUV urbano, embora com melhores capacidades todo-o-terreno do que a maioria dos rivais com tração integral. E o ASX passou de um SUV japonês com grande personalidade para um Renault Captur com um logótipo da Mitsubishi, ou seja, um modelo “rebranded”.
Mas nada disso é negativo, simplesmente evoluíram para adaptar-se aos novos tempos. De facto, o ASX é um dos Mitsubishi mais vendidos da atualidade e tem contribuído para voltar a colocar a marca no panorama automóvel europeu, tal como o Vitara na Suzuki. É por isso que ambas os construtores não os querem negligenciar e estão dispostos a mantê-los atualizados para continuarem a colher frutos.
Assim, acabam de redesenhar os seus exteriores, melhoraram a lista de equipamento e acrescentaram novas ajudas à condução. O Vitara precisava mais do que o ASX, porque esta geração foi lançada em 2015 e muita coisa mudou desde então. O seu aspeto é similar e já acusa os anos, mais no interior, mas com esta renovação recupera a forma, sobretudo a nível tecnológico e, como veremos, mecânico. Por sua vez, o ASX chegou no início de 2023, há apenas um ano e meio, porém o Captur em que se baseia foi lançado em 2019, pelo que a Renault decidiu atualizá-lo e, aproveitando o restyling, a Mitsubishi fez o mesmo ao seu modelo. A verdade é que as alterações lhe fizeram bem, pois a nova frente, mais parecida com o resto dos Mitsubishi, permitem-lhe diferenciar-se um pouco mais do seu primo francês e ganhar personalidade. Também tem novos assistentes à condução, tal como o Vitara, mas o mais importante é que substitui o anterior sistema multimédia por outro com Google integrado, que é muito superior em todos os aspetos, de tal forma que se assume como a referência na categoria.
Moderno vs. Simples
O Suzuki também dispõe agora de um sistema multimédia mais moderno envolto num ecrã tátil maior e melhor conectado. Neste aspeto destaca-se pela positiva e convencerá, sobretudo, os amantes da simplicidade: é muito fácil de utilizar e não tem complicações na forma de submenus e gráficos supérfluos. Ainda assim, o ASX está vários passos à frente e, embora não seja tão simples, é intuitivo e igualmente fácil de manusear, literalmente como um smartphone Android. O Vitara ostenta um painel de instrumentos e uma consola de desenho menos moderno do que o ASX, mas a disposição dos comandos é tão boa como a do seu rival e a posição de condução ideal é rapidamente encontrada, em parte, devido à boa visibilidade assegurada para todos os ângulos. Um design mais ou menos desatualizado pode ser, portanto, uma desvantagem para os adeptos da modernidade, mas não deixa de ser eficaz e vantajoso para os condutores que primam a simplicidade dos carros mais antigos transportada para modelos novos, especialmente se rejeitarem a digitalização total. O mesmo se aplica à qualidade interior. Enquanto o ASX utiliza materiais mais suaves e agradáveis ao toque, no Vitara todas as superfícies são duras, porém transmitem a sensação de terem sido concebidas para resistir ao passar do tempo. Por outras palavras, conferem impressão de robustez.
Ajustável
Quanto à habitabilidade, o Vitara também fica um passo atrás, mas não por ser pequeno por dentro, antes pelo contrário (aproveita muito bem o espaço com apenas 4,18 metros de carroçaria). A questão é que o ASX coloca a fasquia num patamar mais elevado. Os bancos traseiros e a bagageira são mais amplos, além de permitir regular longitudinalmente (até 16 cm) a fila traseira para ampliar ainda mais a área de carga quando se necessita de capacidade adicional, à custa claro de sacrificar a habitabilidade posterior.
Em contrapartida, na dinâmica e economia o Suzuki segue na liderança. Ambos recorrem a motores a gasolina turbo de 4 cilindros complementados com hibridação ligeira.
O Vitara debita 129 CV e o ASX, 160. No papel, é mais rápido, mas na prática o Suzuki sente-se mais ágil. Também consome significativamente menos do que o seu oponente: média de 6 l/100 km, valor a que não é alheio o facto de ser um pouco mais leve. No polo oposto, não é difícil registar no Mitsubishi cerca de 7 l/100 km apesar do Suzuki em comparação ter tração integral Allgrip (também está disponível somente com tração dianteira e, em teoria, consumir ainda menos). O ASX não contempla essa alternativa: apenas é 4×2; se precisar de um carro para aventuras ocasionais fora de estrada, ou para zonas de baixa aderência, a tração 4×4 do Vitara marcará diferenças porque, além disso, contempla um modo de condução para neve (Snow) e outro que envia 50% do binário máximo para cada eixo (Lock). Como compensação, o Mitsubishi equipa caixa automática, enquanto o Vitara é sempre manual. Unicamente a variante Strong Hybrid (híbrido convencional ou full hybrid) pode ser equipada com esta transmissão, debitando 116 CV e com um consumo equiparado ao da versão comparada.
Texto Álvaro Ruiz
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
O Renault Captur, no qual o ASX se baseia, é uma das referências entre os SUV urbanos, pelo que se pode dizer o mesmo do japonês, embora possamos questionar se vale a pena o investimento adicional (cerca de 3.000 €) por este MHEV de 160 CV a favor da versão de 140. O Vitara é um veterano, no entanto continua a ser um carro muito prático e a possibilidade de ter tração às quatro rodas por um valor irrisório é uma vantagem, além de ser comedido nos consumos.
FICHA TÉCNICA
MITSUBISHI ASX 1.3 DI-T 7 SST7 SHOGUN
TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.332 cm3
POTÊNCIA 160 CV às 5.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 270 Nm entre as 1.800 e as 3.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto. 7 vel. (dupla embraiagem)
V.MÁXIMA 204 km/h
ACELERAÇÃO 8,5 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,9 l/100 km
EMISSÕES CO2 (WLTP) 132 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.228 / 1.797 / 1.573 mm
PNEUS 215/60 R17
PESO 1.373 kg
BAGAGEIRA 422 l
PREÇO 31.832 €
GAMA DESDE 25.832 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 148,22 €
LANÇAMENTO Junho de 2024
FICHA TÉCNICA
SUZUKI VITARA 1.4T MILD HYBRID S3 4WD ALLGRIP
TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.373 cm3
POTÊNCIA 129 CV às 5.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 235 Nm entre as 2.000 e as 3.000 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual de 6 velocidades
V.MÁXIMA 195 km/h
ACELERAÇÃO 10,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,4 l/100 km
EMISSÕES CO2 (WLTP) 128 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.185 / 1.775 / 1.600 mm
PNEUS 215/55 R17
PESO 1.290 kg
BAGAGEIRA 362-1.119 l
PREÇO 30.430 € (c/ campanha)
GAMA DESDE 25.514 € (c/ campanha)
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 148,22 €
LANÇAMENTO Junho de 2024