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A Revolução Francesa foi protagonizada por diferentes grupos sociais. Todos procuravam o mesmo, mas cada um acabou por fazê-la à sua maneira. O mesmo acontece com a galopante revolução elétrica que atravessamos. Os nossos protagonistas, com focos distintos, também procuram a mesma mudança. E estão a consegui-la.

E dizemos que estão a conseguir porque as vendas falam por si. Tanto o Ford Mustang Mach-E como o Hyundai Ioniq 5 seguem o seu caminho no mercado dos elétricos Não são best-sellers, é verdade, mas são prediletos e daqueles para os quais os portugueses mais olham e mais pesquisam. Na verdade, tanto Ford como Hyundai vendem mais Mach-E e Ioniq 5 do que alguns modelos a gasolina que já foram best-sellers, e a mudança está precisamente aqui.

O coreano moderado

Não será só pela estética, até porque a marca coreana realizou com este modelo uma aposta arriscada. O risco foi tão grande, mas assumido, que é difícil compará-lo com qualquer outro modelo do construtor. É tão diferente, que a Hyundai acabou por prescindir do logótipo da marca no volante (no seu lugar, surgem quatro pontos que não são aleatórios, representam a letra H em código de Morse). Já dá para ter uma noção do risco que tomaram ao lançar este modelo. E a verdade é que lhes correu bem: o Ioniq 5 tem sido um sucesso porque é bem proporcionado, ainda que as proporções enganem, e muito, das imagens para a realidade.
Ao vivo é um SUV (a marca chama-lhe crossover ou CUV) de 4,6 m de comprimento e quase 1,90 m de largura, com 3 m de distância entre eixos. As cotas exteriores são generosas, por isso tem um habitáculo que se destaca pelo espaço oferecido. Também dispõe de uma bagageira generosa: mais de 520 litros de capacidade, mas que é parca em altura.
No interior respira-se tecnologia e futuro, com um design moderno e um tablier digitalizado. Os bancos são confortáveis, ainda que não tenham sido pensados para um andamento mais desportivo. A verdade é que, sendo um elétrico, com disponibilidade imediata de potência e inércias elevadas (são carros pesados), não é preciso fazer grandes “corridas” para se ter saudades de mais apoio lombar. E, na verdade, o Ioniq 5 anda muito, acelera e recupera com uma facilidade de pasmar, apesar dos seus 1985 kg, dos quais, uma quarta parte são da bateria, bem posicionada debaixo do piso do habitáculo.
É equilibrado e tem bom apoio a alta velocidade. A direção é cómoda para manobrar, mas resulta um pouco branda perante movimentos de volante mais rápidos. Quanto a consumos e autonomia, 500 quilómetros são possíveis sendo cabal com o acelerador. Durante o nosso teste, e realizando diferentes tipos de percursos e ritmos, a média de consumo ficou-se entre os 20 e os 21 kWh/100 km, valores suficientes para aproveitar as possibilidades de uma bateria que se destaca, isso sim, pela potência de carregamento que pode assumir: 350 kW.

O americano jacobino

Passemos ao Mustang e, efetivamente, estamos na presença de um Mustang. Porque se nos detivermos a olhar para a sua silhueta acabamos por vislumbrar o icónico desportivo americano, com a sua frente mais longa e a traseira ao estilo de um bom fastback. É dois centímetros mais longo, um mais estreito e quatro mais alto que o Hyundai, com uma distância entre eixos de 2,98 m.
Por dentro é mais pequeno que o coreano. Não que seja estreito, nada disso, mas os lugares traseiros são mais pequenos e a bagageira também é mais reduzida, ainda que seja um pouco mais alta desde o piso até à chapeleira.
No geral, o design interior é menos futurista que o do Ioniq 5 e acaba por deixar o protagonismo para o gigantesco ecrã tátil multimédia que está colocado em posição vertical e oferece uma leitura de alto nível, mas na verdade alguns menus requerem habituação e atenção para selecionar ou ativar funções como por exemplo, o som artificial do modo desportivo.
Sim, este elétrico tem bom som, pelo menos do lado de dentro quando o colocamos a galope (a Ford chama ao modo desportivo Untamed, do inglês indomável). E onde o Mustang volta a ser um Mustang é na forma como rola. Com uma diferença de potência a seu favor de 77 CV, é evidente que é mais rápido que o Hyundai, por muito que na balança pese mais 175 kg que o seu oponente. E, mesmo que o coreano anuncie uma velocidade máxima superior, o americano brilha pelas prestações e, sobretudo, pelas sensações que transmite aos comandos. Sem deixar de ser um automóvel confortável, não é exagero dizer que este é um dos elétricos com mais alma da nossa praça. Será preciso chegar a modelos de altas prestações para sentir o mesmo “feeling” que sobressai neste Mach-E.
E isto com uma das baterias mais capazes do mercado, que não pode carregar tão rápido como a do Hyundai, oferece uma autonomia inferior, mas que, ainda assim,  consegue uma relação consumo/autonomia muito competitiva.

 

Escolha a sua equipa

Em suma: o Hyundai tem na estética inovadora e no ambiente futurista grandes argumentos. É ainda muito prático pelo espaço proposto e pelo conforto. Na parte técnica, sobressai a sua capacidade de carregamento rápida. Como opção mais racional e moderada, é a nossa opção.
Com o Mustang, estamos perante um automóvel menos vanguardista, mas com mais alma e coração e que sabe transformar as prestações em sensações, algo que nem todos os elétricos sabem fazer, aliás são poucos os que o fazem. É o primeiro rebelde ou um dos rebeldes desta imparável revolução.

Texto José Armando Gómez
Fotos Paulo Calisto

CONCLUSÃO
O Ioniq 5 é mais espaçoso, confortável e consegue carregar mais rápido, isto se o ligarmos a um supercarregador. Mas as prestações e as sensações que o Mach-E transmite convencem mais quando o objetivo é divertirmo-nos ao volante.

FICHA TÉCNICA

FORD MUSTANG MACH-E RWD 76 kWh

TIPO DE MOTOR                     Elétrico síncrono de íman permanente

POTÊNCIA                               269 CV (198 kW)

BINÁRIO MÁXIMO                  430 Nm

TRANSMISSÃO                       Traseira, caixa automática 1 velocidade

BATERIA                                 Iões de lítio, 75,7 kWh (68 kWh úteis)

AUTONOMIA (WLTP)             440 km

TEMPO DE CARGA                 7h a 11 kW (100%)

38 min a 150 kW (0 a 80%)

VELOCIDADE MÁXIMA 180 km/h

ACELERAÇÃO                          6,9 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                 17,2 kWh/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)          0 g/km

DIMENSÕES (C/L/A)               4.712 / 1.881 / 1.597 mm

PNEUS                                    225/60 R18

PESO                                       1.969 kg

BAGAGEIRA                            402-1.420 l (+100 à frente)

PREÇO                                    54.754 €

GAMA DESDE                         54.754 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC)               0 €

LANÇAMENTO                        Setembro de 2021

FICHA TÉCNICA

HYUNDAI IONIQ 5 VANGUARD+ 77 KW

TIPO DE MOTOR                     Elétrico síncrono de íman permanente

POTÊNCIA                               228 CV (168 kW)

BINÁRIO MÁXIMO                  350 Nm

TRANSMISSÃO                       Traseira, caixa automática de 1 velocidade

BATERIA                                 Polímeros de iões de lítio, 77,4 kWh

AUTONOMIA (WLTP)             507 km

TEMPO DE CARGA                  7,30 h a 11 kW DC (100%)
18 min. a 240 kW DC (0-80%)

VELOCIDADE MÁXIMA 185 km/h

ACELERAÇÃO                          7,3 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                 17,0 kWh/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)          0 g/km

DIMENSÕES (C/L/A)               4.635 / 1.890 / 1.605 mm

PNEUS                                    235/55 R19

PESO                                       2.010 kg

BAGAGEIRA                            527-1.587 l (+57 l à frente)

PREÇO                                    61.840 € (58.840 € c/ campanha)

GAMA DESDE                         n.d.

I.CIRCULAÇÃO (IUC)               0 €

LANÇAMENTO                        Julho de 2021

Ricardo Carvalho

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