Apesar do enorme sucesso dos SUV, os utilitários continuam a ser o segmento mais vendido em Portugal. Então se forem utilitários SUV, a combinação é perfeita para o sucesso.
Por isso, juntamos quatro modelos de várias proveniências, desde a Roménia à China, passando por Espanha e pela Coreia, uma salada de frutas “deliciosa” temperada a gasolina. Sandero Stepway, Arona, (MG) ZS e Stonic juntam-se neste comparativo que promete dar que falar.
SUV, pequeno e, se possível, barato. É este o carro que muitos portugueses procuram e aquele que “podem realmente comprar”, e os quatro protagonistas deste nosso trabalho são disso o melhor exemplo.
Basta olhar para a receção que modelos como o Dacia Sandero Stepway ou o SEAT Arona têm tido ao longo dos anos. A sua estética aventureira, que reforça o ar SUV, a sua versatilidade acrescida (não muita) em relação a um utilitário convencional e, sobretudo, o seu preço mais baixo, há muito que convencem os utilizadores, mas agora têm mais concorrência do que nunca.
Apesar da idade, o Kia Stonic tem vendido razoavelmente até porque é um dos mais modelos mais antigos da marca. A explicação é simples: é um SUV, é pequeno, tem bom preço (tendo em conta o equipamento de série e o preço dos seus rivais) com um motor 1.0 turbo a gasolina de três cilindros com 100 CV, como o que analisamos neste trabalho, que oferece excelente desempenho. É certo que não é um carro novo, mas a Kia conseguiu mantê-lo atualizado, tanto em termos de design como de tecnologia, com uma gama completa de ajudas à condução.
Duelo de veteranos
No entanto, o preço é fundamental neste segmento. Aqui, o Stonic, com menos 15 CV do que o Arona (1.0 TSI de 115 CV, também nestas páginas), caixa manual e boa lista de equipamento, acerta em cheio: custa menos que o modelo espanhol e, com a campanha em vigor, é o que mais se aproxima do preço de arromba do Dacia.
Contudo, o modelo espanhol bate-o em vários pontos, como no volume da bagageira, na digitalização do cockpit e na qualidade dos materiais no habitáculo. O coreano está bem equipado na versão Drive, mas falta-lhe um painel de instrumentos totalmente digital, conetividade sem fios para Apple CarPlay e Android Auto, faróis LED e mais opções de personalização interior e exterior. Se um determinado modelo quiser tornar-se líder do seu segmento, tem de oferecer tudo isto.
O Dacia é a opção mais barata e é muito económica também. Não o consegue através da eletrificação, mas oferece na gama uma versão ECO-G que funciona com gasolina ou GPL (é um híbrido), pelo que só despertará interesse se houver um ponto de abastecimento por perto ou se pretender uma autonomia de mais de 1000 km. Mas, nenhum destes quatro modelos tem necessidades especiais. Basta abastecê-los com gasolina e podem circular livremente em qualquer lado e por qualquer lado. Não têm hibridação, o que não quer dizer que não sejam económicos, silenciosos e fáceis de conduzir.
O mais barato
Num curto espaço de tempo, o Dacia Sandero tornou-se num dos carros mais vendidos do seu segmento. A estética SUV tem muito a ver com isso, mas sejamos honestos: o que custa explica muito do sucesso que assombra a Dacia em Portugal. Os 16 650 euros de preço final são um valor difícil de bater, até pelo carro chinê, o MG ZS que não é o mais barato, nem sequer dos mais baratos, aliás é mais caro que o Kia também, ainda que este preço seja justificado pela presença da caixa automática na unidade ensaiada. Este MG ZS, o único modelo da marca chinesa (sim, a MG é chinesa e pertence ao gigante SAIC) sem qualquer tipo de eletrificação, apenas com motor a gasolina custa, em Portugal, a partir de 24 990 euros com caixa automática (um excelente argumento), é um carro, ainda assim, acessível, mas não dos mais baratos. Pelo preço do MG, senta-se num SUV que, como se costuma dizer, “parece mais carro”. Até porque na sua versão Luxury não lhe faltam elementos como faróis LED, banco do condutor com regulação elétrica, jantes de 17″ ou estofos em pele. Continua a não ser muito dinheiro, e é ainda mais apelativo à vista.
Mas será que o MG é um automóvel simplista? A resposta, claro, é não. É espaçoso, tanto nos bancos traseiros como na bagageira e, em geral, não dá a sensação de se estar ao volante de um carro barato, embora tenha alguns pormenores a polir, como a falta de regulação em profundidade do volante e um sistema multimédia que não funciona tão bem como os de outros modelos do segmento ou até como os dos seus concorrentes de ocasião. De resto, é confortável, fácil de conduzir, apelativo, mas falta-lhe potência para ser tão versátil como os seus três rivais: o motor a gasolina 1.0 litros ensaiado tem turbo, 111 CV, mas parece que lhe falta ali “qualquer coisa”, basicamente menos apatia.
Tudo corrido a três cilindros
Todos os modelos em ensaio são “mancos”, de três cilindros, mas todos têm Turbo e surgem combinados com caixas de velocidades manuais, exceto o MG, que disponibiliza a tal caixa automática que faz aumentar o preço. Neste, os 111 CV do motor na cidade não são um problema, mas em estrada obriga a tentar que a caixa faça passagens mais “cedo”, senão prolonga-se o ruído do motor e não se ganha em desenvoltura. Talvez por isso, não seja muito bom em termos de reprises. Por outro lado, consome relativamente pouco combustível. Contenta-se com uma média de 6,5 l/100 km e, em estrada, é um pouco mais frugal. Mas os seus rivais, todos eles mais ágeis, têm valores semelhantes. Todos pesam menos do que o MG, mesmo o Arona, ainda que fique lá perto. O peso, ou a ausência dele, nota-se no Dacia, que mal debita 90 CV, mas tem um bom desempenho em qualquer cenário, mesmo em autoestrada, onde a sexta relação da caixa manual dá jeito para manter uma velocidade de cruzeiro confortável.
Contudo, o Sandero não é o mais suave de conduzir, não tanto por ser menos potente do que o Kia e o SEAT, mas por ser menos bem insonorizado e mais ruidoso a alta velocidade. Fica atrás do Stonic e do Arona em termos de sensação de condução, com uma direção pouco precisa e excessivamente macia, tal como a caixa de velocidades. Mas há que ter em conta que o Dacia melhorou em todos os aspetos. Felizmente, já não é um carro espartano, especialmente se formos à lista de opções, que permite equipá-lo tão bem como o que ensaiamos, com todos os extras. Mesmo assim, continua a ser o mais económico deste comparativo.
Rival a abater
No extremo oposto está o SEAT, contudo a diferença de preço justifica-se assim que se faz alguns quilómetros com ele. Tem mais tecnologia, está mais bem equipado, é mais bem construído por dentro e é mais económico em todos os aspetos. É tão confortável como os restantes, mas está numa liga diferente em termos de dinâmica, e isso é algo que também transmite muita confiança, especialmente quando se rola a velocidades mais elevadas. Apesar de já estar no mercado há algum tempo, continua a ser uma referência do segmento em termos de comportamento. E oferece mais opções de personalização do que os restantes.
Texto Álvaro Ruiz
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Se o orçamento for limitado, o Sandero Stepway e o Stonic (por esta ordem) são as opções a considerar. O SEAT é o carro a comprar pela qualidade, tanto de construção como de condução, é mais tecnológico e tem o melhor compromisso entre tamanho e espaço interior. Logo a seguir, o Stonic justifica o seu inegável sucesso, também com base em argumentos como o preço em campanha ou os sete anos de garantia. O MG ZS pode ser considerado um automático e preço competitivo, aindaa que seja o que emite mais CO2, logo paga mais IUC.
FICHA TÉCNICA
DACIA SANDERO STEPWAY 0.9 TCE EXPRESSION
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 999 cm3
POTÊNCIA 90 CV às 4.460 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 160 Nm entre as 2.100 e as 3.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual 6 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 172 km/h
ACELERAÇÃO 12,0 s (0 a100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,5 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 126 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.099 / 1.848 / 1.535 mm
PNEUS 205/60 R16
PESO 1.171 kg
BAGAGEIRA 328-1.108 l
PREÇO 16.650 €
GAMA DESDE 15.300 €
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Março de 2023
FICHA TÉCNICA
MG ZS 1.0 T-GDI LUXURY AUTO
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 999 cm3
POTÊNCIA 111 CV às 5.200 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 160 Nm entre as 1.800 e as 4.700 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa automática 6 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 180 km/h
ACELERAÇÃO 12,4 s (0 a100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 7,2 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 163 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.323 / 1.809 / 1.653 mm
PNEUS 215/55 R17
PESO 1.264 kg
BAGAGEIRA 448-1.166 l
PREÇO 24.990 €
GAMA DESDE 22.990 €
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 148,81 €
LANÇAMENTO Abril de 2024
FICHA TÉCNICA
KIA STONIC 1.0 T-GDI ISG DRIVE
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 998 cm3
POTÊNCIA 100 CV entre as 4.500 e as 6.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 172 Nm entre as 1.500 e as 4.000 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual 6 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 183 km/h
ACELERAÇÃO 10,7 s (0 a100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 132 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.140 / 1.760 / 1.500 mm
PNEUS 205/55 R17
PESO 1.120 kg
BAGAGEIRA 352-1.155 l
PREÇO 23.275 € (20.275 € c/ campanha)
GAMA DESDE 20.975 € (17.875 € c/ campanha)
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Novembro de 2020
FICHA TÉCNICA
SEAT ARONA 1.0 TSI 115 CV XPERIENCE
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 999 cm3
POTÊNCIA 115 CV às 5.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 200 Nm às 2.000 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual 6 velocidades
VELOCIDADMÁXIMA 193 km/h
ACELERAÇÃO 10,0 s (0 a100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,4-6,2 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 123-141 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.153 / 1.780 / 1.532 mm
PNEUS 205/55 R17
PESO 1.232 kg
BAGAGEIRA 400-1.280 l
PREÇO 27.421 €
GAMA DESDE 21.558 €
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Janeiro de 2022