A indústria automóvel está em risco e a SEAT também”, afirmou Wayne Griffiths, CEO da marca espanhola e da CUPRA, nas últimas horas, alertando mais uma vez para as dificuldades que a maioria dos construtores vai sentir num futuro a curto prazo.
Não é a primeira vez que Wayne Griffiths se pronuncia, mas o tom é cada vez mais sério. E se há algumas semanas, o CEO da SEAT e da CUPRA alertava para as dificuldades que as marcas espanholas poderiam enfrentar com a nova regulamentação europeia, desta vez o dirigente voltou a avisar que “a indústria automóvel está em risco, e a Seat também”, antes da publicação dos resultados da empresa.
Confrontado com uma queda de 17,2% nos resultados operacionais registados pela empresa entre janeiro e setembro de 2024, Wayne Griffiths confirmou que “os resultados que acabamos de apresentar são apenas um primeiro sinal do risco que estamos a enfrentar”, depois de constatar um saldo final de 415 milhões de euros.
A mensagem, lançada através do Linkedin, surge após o anúncio dos resultados do Grupo Volkswagen, que também incluiu os rendimentos da SEAT de 10.500 milhões de euros, ou seja, com uma queda de 3 por cento. O CEO das marcas espanholas acredita, no entanto, que a empresa “prevê um crescimento contínuo” nas marcas Seat e Cupra até ao final de 2024 e em 2025.
Estes resultados, na opinião de Wayne Griffiths, são provocados pela “baixa procura” de automóveis elétricos e pela falta de empenho que vê nos políticos espanhóis, como refere no comunicado de imprensa, em contraste com uma indústria que, na sua opinião, está a fazer os trabalhos de casa. A SEAT também enquadrou esta queda de receitas no investimento necessário para a empresa promover novos modelos e lançamentos do Cupra, causando também uma rentabilidade operacional que caiu 0,7 pontos percentuais para 3,9%.
De acordo com a empresa, o grupo espanhol aumentou as entregas em 7,7% neste período, atingindo as 422.100 unidades vendidas, lideradas pela SEAT, com 242.000 registos impulsionados pelo Ibiza (82.300) e pelo Arona (72.600). Entretanto, a Cupra fechou os melhores primeiros nove meses da sua história, com 179.100 vendas (mais 5,3%), sendo o Formentor o mais vendido (85.800 unidades), seguido do Born (29.600).
O CEO da Seat e da Cupra aproveitou a publicação de todos estes resultados para alertar também para a imposição, pela União Europeia, de tarifas sobre os seus veículos que, como o Tavascan, são fabricados na China, uma vez que “poderia pôr em causa a capacidade da Seat para cumprir os objectivos europeus de redução de CO2, tendo de enfrentar multas insuportáveis”.
Se todos estes resultados se confirmarem, Wayne Griffiths avisa que esta realidade “significaria a necessidade” de reduzir um quarto da produção planeada de veículos de combustão na fábrica de Martorell, em Barcelona. O CEO da Cupra e da Seat afirmou ainda que as administrações não facilitam o acesso a energias renováveis a um preço competitivo, bem como incentivos fiscais e políticas de sensibilização dos consumidores para a eletrificação. “Estão em causa 10% do PIB do nosso país e mais de dois milhões de postos de trabalho. Precisamos de soluções já”, concluiu Griffiths. Uma palavra para os sábios.