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André Citroën deixa legado de história e automoção

André-Gustave Citroën nasceu em Paris a 5 de fevereiro de 1878, tendo sido o fundador da marca que ostenta o seu nome. Com uma personalidade extraordinária teve uma influência radical na indústria automóvel, ao antecipar alguns aspetos inovadores, como por exemplo a produção em grande escala.

A origem do nome da família tem um percurso bastante curioso. O pai, Levie Citroën, era um comerciante de pedras preciosas, filho de Barend, um ourives, também ele filho de um vendedor de fruta holandês chamado Roelof, este sem apelido. Mas, em 1811, Napoleão I ordenou a realização de um censo, obrigando todos os que não tinham apelido a receberem um. Foi aí, então, que Roelof, devido à sua profissão, passou a chamar-se Limoenmann, literalmente o ‘homem dos limões’.

Mais tarde, Barend, por casamento com Netje Rooseboom, mudou o apelido de Limoenmann para Citroen, nome que, em holandês, se escreve sem trema. Depois, em 1870, o filho Levie mudou-se para Paris e decidiu dar uma conotação mais francesa, acrescentando um trema à letra ‘e’, daí o nome Citroën.

André-Gustave estudou na escola Politécnica de Paris, licenciou-se em engenharia e, numa viagem à Polónia em 1900, teve a oportunidade de visitar fábricas especializadas em mecânica de precisão, tendo descoberto numa delas um novo tipo de engrenagem, com dentes diagonais para multiplicar ou reduzir a força e o movimento da maquinaria pesada.

Decidiu comprar a patente e desenvolvê-la à escala mundial, apercebendo-se que o futuro estava na produção industrial, tendo apostado na siderurgia e em materiais de construção para estaleiros navais, assim como nas tais engrenagens de dupla hélice, em forma de V, hoje o famoso símbolo do “double chevron”.
Mais tarde, em 1908, tomou conta da empresa de automóveis dos irmãos Mors, pondo em prática novas ideias sobre montagem e produção industrial, ligadas aos princípios do Taylorismo. Deste modo, a empresa passou de uma produção artesanal para uma capacidade de fabrico de 646 unidades por mês.

Em 1919, no cais de Javel, em Paris, já na fábrica de automóveis André Citroën, foi concebido o Type A 10 HP, um automóvel construído em grande escala, mais fácil de reparar, mais económico e acessível. O Type A foi o primeiro automóvel europeu construído em série e o primeiro modelo francês com condução à esquerda. Com capota, roda suplente, faróis e equipamento elétrico, custava 7.950 francos (à época um preço baixo…), tendo um motor de 4 cilindros com 1327 cc e atingindo a velocidade máxima de 65 km/h. Em 1919 foram produzidos 2.810 Type A (berlina e furgão) e, em 1925, a produção anual atingiu um volume de 61.487 unidades.

Com um espírito visionário André Citroën afirmou: “eu queria que conseguíssemos criar sorrisos em Javel, em todo o lado, em todos os departamentos, em todos os elos da cadeia (…). Essencial no nosso século, esta cadeia não pode ser quebrada, mas temos o dever de a romper com base em sorrisos”.

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