O Qashqai é referência entre os compactos desde o lançamento da primeira geração, que remonta a 2007. E, mesmo sem revolucionar, a Nissan continua a evoluir a sua fórmula de sucesso, otimizando as qualidades de sempre. Esta versão com motor a gasolina de 1.3 litros e hibridização ligeira é um bom exemplo.
Mais comum na gíria desportiva, a expressão em equipa que ganha não se mexe define perfeitamente as motivações da Nissan para esta renovação do Qashqai. Neste caso, os japoneses acabaram por mexer… mas pouco. A começar na imagem exterior, que mantém os traços essenciais desta terceira geração, com uma nova grelha dianteira, aumentada em todas as direções, e que passa a ser negra, com dezenas de elementos tridimensionais em forma de vírgula. Novos são também os faróis e as luzes diurnas, agora com cinco pequenas lentes que têm o mesmo formato das vírgulas da referida grelha. Há mais mudanças, mas terá de ir buscar uma edição anterior da nossa revista para colocar lado a lado e descobrir as diferenças.
“Ok Google”
A plataforma também é a mesma (CMF-C) e as dimensões da carroçaria pouco alteram face ao anterior, mantendo os bons níveis de habitabilidade e o espaço de carga na bagageira. Onde será mais percetível a renovação é, mesmo, no interior, nomeadamente os desenvolvimentos do sistema de infoentretenimento e dos serviços conectados a bordo.
A Nissan não só modernizou a apresentação do interior do Qashqai, com dois novos ecrãs de dimensões mais avantajadas para a instrumentação e multimédia, como melhorou alguns dos recursos mais usados pelos clientes: o Around View Monitor [AVM], sistema de visão 360º através de imagens captadas por quatro câmaras externas para facilitar manobras de estacionamento, estreia função 3D que permite ao condutor ver o carro não apenas de cima, mas também selecionar um dos oito diferentes pontos de captação das câmaras para visualizar a frente, a traseira, as laterais ou os cantos. O sistema funciona em conjunto com o de deteção de objetos em movimento. Igualmente incluído no AVM está o denominado “capô invisível”, que possibilita ao utilizador observar a posição das rodas dianteiras, garantindo-lhe manobrar com precisão em locais apertados ou junto a passeios altos que possam danificar a jante, bem como a nova “Memória de Localização do Lugar de Estacionamento”, que permite guardar locais de estacionamento visitados com frequência para que o automóvel reconheça automaticamente a localização através do GPS.
Com Google integrado, basta dizer “OK Google” e o novo SUV nipónico tem resposta para uma série de ações, pela primeira vez num veículo da marca. Outra novidade é o “Modo Personalizado de Assistência ao Condutor”, que adapta rapidamente o nível de intervenção das diferentes tecnologias de assistência, segundo as preferências do condutor.
Híbrido ligeiro
Com o adeus aos motores Diesel nesta terceira geração, o Qashqai reforça a aposta no sistema de motorização híbrido e-Power (utiliza um motor elétrico e um bloco a gasolina, mas em que este funciona apenas como gerador) e numa solução intermédia com este 1.3 turbo a gasolina de 140 CV, associado a um sistema mild-hybrid, discreto na sua atuação, mas que satisfaz as exigências e necessidades do momento, proporcionando progressos na eficiência (leia-se menos consumos e gases de escape), sem penalizar a facilidade de condução nem as performances. Nesta versão, o 1.3 DIG-T é apoiado por uma caixa manual de 6 velocidades com escalonamento longo das últimas relações a procurar privilegiar a poupança de combustível, que aumenta com a ativação do programa ECO. Durante o teste, valor na ordem dos 7,3 l/100 km.
Também podemos intervir no tato da direção: em Sport, as sensações são mais diretas. Mas, no geral, independentemente do modo escolhido, o conjunto convence, porque à quase total ausência de ruído de funcionamento, somam-se disponibilidade e prontidão acima da média.
Em termos dinâmicos, Qashqai à imagem do Qashqai. O SUV compacto, aqui com tração às rodas dianteiras, não será o carro mais ágil e excitante da categoria, mas tem qualidades mais do que suficientes para manter o estatuto de referência em tudo o resto: estável, preciso, seguro e mais confortável do que nunca. A marca também atualizou a suspensão e reduziu a firmeza do amortecimento. Ficou mais amigo dos ocupantes.
Texto Vítor Mendes
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
No segmento Qashqai (chamemos-lhe assim, já que foi a Nissan que o “inventou”), existem hoje dezenas de propostas. Mas os japonesas não descuram a competitividade do seu modelo-instituição, reforçando-o cirurgicamente, apenas o suficiente para se manter atual. Assim, progrediu em conectividade e qualidade, está mais confortável e até a imagem ficou mais moderna. O motor a gasolina mild-hybrid responde bem aos movimentos do pedal da direita, com elasticidade. Não oferece os consumos do e-Power, mas custa menos 4.500 € neste acabamento Evolve.
FICHA TÉCNICA
NISSAN QASHQAI 1.3 DIG-T EVOLVE
TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.333 cm3
POTÊNCIA 140 CV às 5.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 240 Nm entre as 1.650 e as 4.000 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual 6 velocidades
VELOCIDADE MÁXIMA 196 km/h
ACELERAÇÃO 10,2 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 6,3 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 143 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.425 / 1.848 / 1.625 mm
PNEUS 235/45 R20
PESO 1.687 kg
BAGAGEIRA 504 l
PREÇO 36.500 €
GAMA DESDE 28.950 €
IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 186 €
LANÇAMENTO Junho de 2024