A transição para veículos elétricos é um passo importante na redução das emissões de gases poluentes, mas não resolve todos os problemas associados à mobilidade. O “rasto” invisível do desgaste de pneus e travões é um deles. Elétricos e combustão, todos emitem partículas mais tóxicas que o fumo de escape.
Enquanto o mundo se foca na redução das emissões de gases de escape dos veículos tradicionais, um problema menos visível, mas igualmente preocupante, ganha destaque: as emissões não diretas dos automóveis. Estas incluem partículas tóxicas libertadas pelo desgaste dos pneus, dos travões e até mesmo da superfície das estradas. E, surpreendentemente, os carros elétricos, apesar de não emitirem gases poluentes diretamente, também contribuem para este fenómeno.
O que são emissões não diretas?
As emissões não diretas são partículas microscópicas que resultam do atrito entre os pneus e o pavimento, do desgaste dos travões e da degradação do asfalto. Estas partículas, muitas vezes invisíveis a olho nu, contêm metais pesados e outros compostos químicos que podem ser altamente prejudiciais para a saúde humana e para o meio ambiente. Estudos indicam que, em algumas cidades, estas emissões já ultrapassam as dos gases de escape dos veículos com motores de combustão interna.
Por que os carros elétricos também são afetados?
Os carros elétricos, embora não emitam dióxido de carbono (CO₂) ou óxidos de azoto (NOx) durante a condução, tendem a ser mais pesados devido às suas baterias. Este peso adicional aumenta o desgaste dos pneus e dos travões, libertando mais partículas para a atmosfera. Além disso, a potência instantânea dos motores elétricos pode agravar o problema, pois acelerações bruscas contribuem para um maior atrito com o pavimento.
Impactos na saúde e no ambiente
As partículas resultantes do desgaste dos pneus e travões são suficientemente pequenas para penetrarem profundamente nos pulmões, podendo causar problemas respiratórios, cardiovasculares e até cancro. Além disso, estas partículas podem ser transportadas pelo vento e pela chuva, contaminando solos e cursos de água, afetando ecossistemas inteiros.
O que pode ser feito?
Especialistas sugerem várias medidas para mitigar este problema:
-Desenvolvimento de pneus ecológicos: Investigação e inovação para criar pneus que libertem menos partículas durante o uso.
-Melhoria das superfícies das estradas: Utilização de materiais mais duráveis e menos abrasivos pode reduzir o desgaste dos pneus.
-Sistemas de travagem regenerativa: Nos carros elétricos, a travagem regenerativa reduz o uso dos travões convencionais, diminuindo o desgaste e a libertação de partículas.
-Políticas públicas: Regulamentação mais rigorosa sobre os materiais usados em pneus e travões, bem como investimento em infraestruturas mais sustentáveis.