Híbrido do povo há um quarto de século, o Prius tem hoje ambições mais sofisticadas, ao impor um motor híbrido plug-in mais eficiente, mas que transfigura o seu preço final. Ao mesmo tempo, o “patinho feio” mudou, revelando uma aparência muito mais atraente, contudo menos favorável à habitabilidade.
Texto: Ricardo Carvalho
Fotos: Paulo Calisto
Pioneiro dos híbridos quando foi lançado em 1997 sob a forma de um modelo compacto com pouca personalidade, rapidamente adotou uma silhueta ainda mais fora do comum que contribuiu para o seu sucesso a partir da segunda geração em 2003. A nova geração permite-nos assistir a uma verdadeira reviravolta de 180 graus. O visual é dinâmico e, para a Europa, só está disponível numa versão híbrida plug-in.
A receita Tesla?
Basta olhar para a silhueta de coupé desportivo para imaginar em que modelo a marca japonesa se inspirou. As proporções são graciosas, os detalhes são subtis e não há nada de excêntrico, mas o Prius está diferente, para melhor e, claramente inspirado no Tesla Model 3, seguindo uma receita de sucesso. No entanto, foram necessários alguns compromissos para agradar. Assim, o tejadilho surge rebaixado 5 cm (1,41 m) e a distância entre eixos esticada de forma a privilegiar o espaço e a colocação de alguns componentes. O comprimento chega aos 4,60 m, as vias foram alargadas em 22 mm e os guarda-lamas sobressaem. As jantes, nesta versão Premium, são de 19″. Mas há muito mais.
Agora traz motor 2 litros naturalmente aspirado a debitar 152 CV e está acoplado a um motor elétrico de 163 CV, anunciando uma potência combinada de 223 CV (Uau, convém relembrar que o modelo anterior chegava apenas aos 122 CV). Na verdade, o espírito mais dinâmico despoletado pelos… 223 CV, confirma-se lá centro. A posição de condução é baixa, porque o para-brisas está muito inclinado. O volante é de dimensões reduzidas e relembra o… i-Cockpit da Peugeot. Não tem o formato ideal, pois é oval, mas acaba por não ser tão “incomodativo” quanto se possa pensar, encaixando perfeitamente nas mãos. O pequeno ecrã que faz de painel de instrumentos e que está elevado, adapta-se bem às dimensões compactas do novo volante. O resto dos comandos e dispositivos tem um aspeto refinado, em parte graças ao ecrã de 12,3″ que ocupa a zona central do tablier.
Em termos de espaço, é abundante ao nível das pernas de quem viaja atrás, mas ressente-se em altura nesta mesma zona, mas isso tem a ver com a descida do tejadilho atrás, o que também dificulta a visibilidade. Por causa desse facto, a versão por nós ensaiada conta com uma câmara de visibilidade traseira refletida no retrovisor. que melhora substancialmente este aspeto.
Mecânica eficiente
Voltando à parte mecânica, o objetivo passa por conciliar a eficiência de um modelo 100% elétrico com a facilidade de utilização de um híbrido. Para além dos 223 CV, este novo Prius conta com uma bateria de 13,6 kWh (a do anterior tinha 8,8 kWh) e, segundo a Toyota, consegue alcançar os 86 km em modo totalmente elétrico, isto com as jantes de 17″ da versão base. Com as jantes de 19″, precisamente as da nossa unidade, esta mesma autonomia passa para 72 km. Ao mesmo tempo, esta bateria, 30% mais compacta, encontra o seu lugar debaixo do banco de trás, libertando mais algum volume na mala (tem apenas 284 litros).
Aos comandos, este novo Prius propõe três modos de condução: EV (100% elétrico), HV (híbrido) e Auto. Durante o teste, conseguimos rolar em modo elétrico durante 65 km, sem consumir uma única gota de combustível. Em modo EV, a potência é limitada à do motor elétrico, ou seja, 163 V. Contudo é mais do que suficiente para garantir um funcionamento interessante, graças ao binário máximo disponível.
A resposta do motor é mais do que suficiente para condução em cidade e atinge algum brilhantismo em estrada. Ouve-se um distante zunido do motor, mas o ambiente sonoro está razoavelmente insonorizado. Também é possível carregar o motor térmico a partir do modo “carga”. Desde que a bateria esteja descarregada, a tecnologia híbrida plug-in funciona como a de um híbrido clássico, tudo porque existe uma reserva de energia que é combinada com o excelente sistema de navegação (Google Maps). No pequeno comando da caixa, encontramos um modo B que reforça a recuperação de energia e a sensação de travão motor. É prático, mas se tivesse patilhas no volante, o funcionamento seria melhor.
Para o final ficam guardadas as sensações de condução. E as notícias são apelativas, até porque a Toyota conseguiu esconder todos os efeitos inerentes a este tipo de mecânica. Com o aumento de potência, o pedal direito parece ficar mais leve e a caixa e-CVT surge mais discreta. Felizmente, nas acelerações, as sensçaões de escorregamento da transmissão são reduzidas, ainda que não nos livremos de um aumento do ruído do motor quando queremos uma aceleração mais rápida.
Até o comportamento ganha em precisão, tudo por culpa de um centro de gravidade mais baixo, de um amortecimento mais bem afinado e de pneus de baixo perfil. O Prius permanece refinado em estradas com mau piso e que continue assim.
FICHA TÉCNICA
Toyota Prius PHEV
TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, atmosférico
CILINDRADA 1.986 cm3
POTÊNCIA 151 CV às 6.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 188 Nm entre as 4.400 e as 5.200 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto. E-CVT
MOTOR ELÉTRICO Um: dianteira
POTÊNCIA 163 CV
BINÁRIO 208 Nm
MOTOR HÍBRIDO Híbrido elétrico/gasolina, PHEV
POTÊNCIA TOTAL 223 CV
BINÁRIO TOTAL 290 Nm
AUTONOMIA ELÉTRICO (WLTP) 72 km
BATERIA Iões de lítio, 13,6 kWh
VELOCIDADE MÁXIMA 185 km/h
ACELERAÇÃO 6,7 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 1,0 l/100 km (misto)
BAGAGEIRA 284 litros
PREÇO 44 190 €
GAMA DESDE 41 990 €
IUC 215,14 €
LANÇAMENTO julho de 2023