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A Volkswagen lança o seu primeiro modelo elétrico dedicado com o objetivo de oferecer ao mercado um compacto de emissões zero capaz de substituir no futuro o todo-poderoso Golf. Estará o novo ID.3 à altura da responsabilidade? A resposta segue dentro de momentos…

A Volkswagen foi bem clara quando mostrou e lançou o ID.3: é a imagem viva do futuro do Golf. A eletrificação é necessária para cumprir as normas de emissões, e modelos tão reconhecidos como o Golf vão se transformar, mantenham ou não o nome, em veículos de emissões zero que vão chegando ao mercado, como este primeiro membro da família ID. E dizemos família porque ao compacto ID.3 vão seguir-se um SUV ID.4, uma berlina e até um furgão de inspiração retro baseada no desenho do concept ID Buzz. Tudo isto vai acontecer num prazo de dois ou três anos.

Compacto?
Para compreender o ID.3 é preciso colocar diversas questões, e a primeira é se de facto se trata de um compacto. A resposta é afirmativa, até porque é praticamente do tamanho de um Golf, apesar de ser mais alto, o que acaba por lhe conferir uma certa imagem de monovolume. A VW criou para este ID.3 um design futurista e simpático que recorda, até certo ponto, o New Beetle quanto a originalidade. E a verdade é que não deixa ninguém indiferente à sua passagem.

Lá dentro, as semelhanças com um Golf voltam a marca presença, num habitáculo cujo espaço é aproximado, salvo o facto do ID proporcionar um pouco mais de desafogo para as pernas atrás e mais 5 litros de bagageira (385 litros).

Aposta no minimalismo extremo… e também na poupança de custos, como acontece com qualquer elétrico. E isto leva-nos à seguinte pergunta: está à altura do Golf? A resposta é não! Se o Golf se destaca pela qualidade, este ID.3 fraqueja nesse particular.
É bem construído, mas a presença de materiais macios é escassa, ao que soma um minimalismo levado tão ao extremo que quase não existem botões, e os poucos que existem são, na sua maioria, táteis, o que não facilita a utilização. Por exemplo, para baixar os vidros traseiros a partir do lugar do condutor são utilizados os mesmos botões dos dianteiros, pelo que é preciso ativar previamente um seletor Rear.

O painel de instrumentos digital de série é mínimo (não mostra sequer informação sobre os quilómetros totais; é preciso procurá-los no ecrã principal), e o sistema multimédia conta com um ecrã tátil de 10” com controlo por voz (não tão avançado como o MBUX da Mercedes-Benz). O seu desenho inspira-se no de um smartphone, e isso obriga a passar por diversos menus para realizar tarefas tão simples como ativar e desativar um assistente de segurança.

E aqui entramos no campo da tecnologia, onde (aí sim) está à altura do Golf, com um arsenal de ajudas à condução de última geração: cruise control adaptativo, alerta de manutenção na faixa de rodagem, leitor de sinais de trânsito… Inclusive um Head-up display que, em breve, terá funções de realidade aumentada.

Aventura elétrica
Para locomover o seu novo representante, a VW adotou um motor elétrico de 204 CV e 310 Nm de binário, ainda que a gama seja reforçada, em breve, com mecânicas desde os 126 CV. É um carro rápido em termos absolutos, com destaque para a entrega de potência instantânea habitual nos elétricos. Mas, acima de tudo, é suave. Mesmo no modo de condução mais relaxado, o Eco, move-se bem e tem uma reserva de potência suficiente para a estrada.

Com esta bateria, de 58 kWh (a intermédia), a autonomia útil não supera os 250 km, isto se formos realistas. Podem fazer-se 300 km com um consumo médio de 18 kWh/100 km ou mais de 350 em circuito urbano aproveitando ao máximo os benefícios da travagem regenerativa (em cidade é muito eficiente). De resto, é um automóvel robusto e sólido, com um comportamento muito equilibrado e que brinda os passageiros com uma experiência de conforto e isolamento elevada.

Texto Eduardo Lausín
Fotos Paulo Calisto

CONCLUSÃO
Sejamos sinceros, é um bom carro elétrico (salvo o preço algo elevado desta versão intermédia Plus). Tem uma autonomia correta, é confortável, apelativo e não lhe falta quase nada em termos de equipamento. Porém, achamos que o minimalismo extremo aplicado no interior penaliza de certa forma a experiência. O Golf é, definitivamente, mais e melhor carro.

FICHA TÉCNICA
VOLKSWAGEN ID.3 1ST PLUS 150 KW 58 KWH

TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de íman permanente
POTÊNCIA 204 CV (150 kW)
BINÁRIO MÁXIMO 310 Nm
TRANSMISSÃO Dianteira, automática de 1 velocidade
BATERIA Iões de lítio, 58 kWh
AUTONOMIA (WLTP) 420 km
TEMPO DE CARGA 18,30 horas a AC 3,7 kW (100%)
8,45 horas a AC 7,4 kW (100%)
30 min. a DC 100 kW (80%)
V. MÁXIMA 160 km/h (limitada)
ACELERAÇÃO 7,3 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 13,8 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.261 / 1.809 / 1.568 mm
PNEUS 215/50 R19
PESO 1.794 kg
BAGAGEIRA 385 l
PREÇO 43.746 €
GAMA DESDE 38.017 €
I. CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €
LANÇAMENTO Junho de 2020

 

Ricardo Carvalho

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