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A nova geração do Corsa é muito mais do que a continuidade de um modelo de sucesso. Representa, também, o primeiro capítulo da mobilidade 100% elétrica, já resultante da integração no Grupo PSA, partilhando por isso muitos componentes com o Peugeot 208. Com muitos méritos próprios, pode o Corsa-e convencer os clientes a deixarem os convencionais motores de combustão?

A mais recente geração do Corsa abre um novo capítulo na centenária vida da Opel. A marca alemã, entrosada no Grupo PSA, ingressa na era da mobilidade elétrica com um dos seus modelos de maior sucesso, esperando com isso democratizar essa tecnologia entre uma fatia da população cada vez mais consciente dos imperativos ambientais. Mas esta é apenas a ‘ponta do icebergue’, já que a eletrificação irá multiplicar-se nos próximos anos: seguem-se o Grandland X PHEV e, mais para o fim do ano, o Mokka-e.

Para o novo Corsa-e, a Opel pôde tirar partido de um autêntico manancial de tecnologias e de componentes que facilitaram o seu desenvolvimento. A mais sonante foi a plataforma ‘multienergias’ do Grupo PSA, denominada CMP, que permite produção paralela de unidades com motor térmico ou elétrico.

Sistema polivalente
O motor elétrico debita 100 kW, equivalente a 136 CV, sendo bem mais relevante o valor do binário – 260 Nm disponível praticamente desde o arranque. Já a bateria tem uma capacidade de 50 kWh, o que lhe permite apresentar 337 quilómetros de autonomia (WLTP) e garantir maior polivalência de utilização.
A sua condução é, como em tantos outros elétricos, pautada pela absoluta suavidade e quase ausência de ruídos, sendo de destacar o bom trabalho feito na área da insonorização. Apostando nos já conhecidos modos de condução (Eco, Normal e Sport), o motor elétrico adapta a entrega da potência consoante a seleção feita em botão colocado entre os bancos dianteiros. A saber: o mais ecológico, que suaviza a gestão do motor e da climatização, é já perfeitamente adaptado para a utilização quotidiana, protegendo a autonomia de forma muito adequada, naquele que nos parece um ótimo equilíbrio. No polo oposto, o modo ‘Sport’ torna o Corsa-e bem mais reativo, subindo de velocidade com desembaraço, muito útil no acesso a vias rápidas ou… nos arranques exibicionistas. A própria comutação para o modo mais desportivo traz consigo quase um ‘impulso’ instantâneo que assinala uma nova parametrização na entrega da potência.

Se nas performances o Corsa-e recebe muito boa nota, o seu comportamento em percursos sinuosos é menos divertido do que os irmãos com motores térmicos. A causa está no peso acrescido, mesmo com a Opel a proceder a acertos na suspensão para adaptá-la aos componentes elétricos. Basta olhar para o motor 1.2T de 130 CV, com 1.233 kg, contra 1.530 kg do elétrico. Ainda assim, o posicionamento da bateria entre os dois eixos salvaguarda um centro de gravidade mais baixo e permite passagens em curva com muita estabilidade e segurança (ajudado também pela direção com bom tato), mas não chega a ser tão divertido como o já mencionado Corsa 1.2T, sobretudo pela notória perda de agilidade na transferência de massas – mas será isso fator decisivo no segmento? Talvez não…
Por outro lado, conforto bem medido, não obstante alguma firmeza evidente em piso mais deteriorado. Nota, ainda, para o pedal do travão que é algo esponjoso na fase inicial do seu curso, fruto da regeneração de energia da travagem: uma questão de habituação.

Sem ansiedade
O Corsa-e tem autonomia de 337 km em ciclo WLTP, naquelas que serão as condições ideais, parecendo-nos valor realista desde que não se adote condução muito agressiva. No ensaio, o consumo energético ficou na casa dos 11-12 kWh/100 km, bem abaixo da média homologada de 17 kWh/100 km, permitindo por isso gerir melhor a condução do dia-a-dia sem ansiedades. No final do teste obtivemos média de 11.9 kWh/100 km, ajudado pelo uso recorrente do modo ‘Eco’ e pela capacidade regenerativa da posição ‘B’ (‘Brake’) na alavanca da caixa, que acentua o potencial de regeneração nas desacelerações.

A carregar, a tomada doméstica (230 V) é opção de recurso: para uma carga completa é necessário esperar mais de 20 horas, tendo o Corsa-e um carregador de bordo monofásico de 7.4 kW de série (e cabo de ligar à tomada de casa). Opcionalmente, pode equipar carregador trifásico de 11 kW, que lhe permite maior rapidez – em ‘wallbox’ de 7.4 kW demora oito horas para obter uma carga total. Na carga rápida, admite 100 kW, bastando cerca de meia hora para chegar aos 80%.

Interior germânico
A abordagem na composição do habitáculo é mais sóbria do que a do Peugeot e-208. O modelo da Opel é mais racional e prima pela ótima construção, ainda que confiando em demasia nos plásticos mais duros, com exceção de alguns painéis das portas e da parte superior do tablier. A posição de condução é boa e a habitabilidade não é prejudicada pelos elementos elétricos. Porém, tal como nos modelos térmicos, o Corsa-e obriga a algumas concessões, sobretudo no espaço atrás em altura e no acesso a esses mesmos lugares devido à abertura das portas mais estreita.

Bem equipado de base, o Corsa-e tem um preço a partir dos 29.990 €, com a versão ensaiada Elegance a apresentar-se por 32.610 €. O valor é mais elevado do que o de um Corsa a gasolina equivalente, mas o potencial de poupança pelos menores custos de operação e de manutenção serão aliciantes a ter em conta.

Texto Miguel Silva
Fotos Paulo Calisto

FICHA TÉCNICA
OPEL CORSA-E ELEGANCE
TIPO DE MOTOR Elétrico síncrono de íman permanente
POTÊNCIA 100 kW (136 CV)
BINÁRIO MÁXIMO 260 Nm
BATERIA Iões de lítio, 50 kWh
V. MÁXIMA 150 km/h
ACELERAÇÃO 8,1 s (0 a 100 km/h)
AUTONOMIA (WLTP) 337 km
CONSUMO (WLTP) 17.0 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.060 / 1.765 / 1.435 mm
PNEUS 195/55 R16
PESO 1.530 kg
BAGAGEIRA 267-1.042 l
PREÇO 32.610 €
GAMA DESDE 15.520 €
I. CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €
LANÇAMENTO Janeiro de 2020

Ricardo Carvalho

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