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Faz este mês precisamente 43 anos, no Salão de Genebra, a apresentação deste novo automóvel não deixou ninguém indiferente. Nem mesmo David Bowie. O músico adquiriu um dos últimos exemplares produzidos em 1981 e um dos 6.620 exemplares que a marca produziu no total do ciclo de vida deste automóvel.


O Volvo 262 Coupé teria um sucesso significativo face às expectativas numa versão mais inesperada da gama 200: um Coupé com os pilares A bastante inclinados e um tecto rebaixado em 60 milímetros.
Dentro desta gama a Volvo já havia apresentado, no Outono de 1974, o 264 e, dois anos depois, surgiu a primeira carrinha Volvo de seis cilindros: a 265.
O interior do veículo ajudava a definir aquilo que o 262C verdadeiramente era: uma extravagância de couro e madeira. Os assentos, encostos de cabeça e mesmo as partes de dentro das portas eram em pele.
Em 1973, quando o Volvo 1800ES foi descontinuado, não existia um sucessor natural que pudesse assumir o papel de modelo desportivo topo de gama da marca. O CEO da Volvo de então, Pehr G Gyllenhammar, pensava que isso seria um problema, especialmente nos USA, o principal mercado de exportação para a Volvo onde um coupé de luxo parecia mais indicado que outro tipo de carro desportivo.


Jan Wilsgaard, diretor de design da Volvo na altura, realizou alguns esboços mas daí não resultaria nenhum modelo. Em alternativa, utilizaria o Volvo 164 para testar novos interiores. Seria a empresa italiana sediada em Turim, do designer Sergio Coggiola, que transformaria o chassis original de 4 portas, num coupé de 2 portas com um teto mais baixo.
Este teto mais baixo era revestido a vinil e o amplo pilar C adornado com três coroas – símbolo nacional heráldico da Suécia. As três coroas foram substituídas por outras um pouco maiores no carro de produção, naquela que constitui uma das poucas diferenças entre o modelo final e o protótipo.
O motor original do 262C foi inicialmente um V6 de 2.7 litros e 141 cv. Foi desenvolvido em conjunto com a Peugeot e a Renault e era partilhado com outras versões dos modelos da gama 260. A sua produção teve lugar em Douvrin, na França, através da empresa Société Franco-Suédoise de Moteurs-PRV.
A designação do motor para a Volvo seria B27E e, graças à sua construção em alumínio, foi possível reduzir em 150 kg o seu peso. Este produto de nicho, que seria produzido em pequenas quantidades, não tinha espaço na fábrica da Volvo em Gotemburgo. Em alternativa, a montagem final teve lugar em Itália, na Italian Carozzeria Bertone, que também fabricou o 264TE limo.
Os Kits eram enviados para Turim onde as carroçarias eram depois montadas e pintadas. Era então colocado um pequeno simbolo da Bertone na parte inferior do para-brisas.


Nos primeiros anos, o 262 só estava disponível na cor prata metálico, com um teto de vinil em preto. A partir de 1979, passou a estar disponível também a cor dourada metálica, mas sem teto em vinil. Nesse mesmo ano, alguns modelos da gama 200 receberam uma nova traseira. As luzes foram renovadas e contornavam os cantos da viatura. Em 1980, foram descontinuadas as cores preta e azul metalizada e prata com teto em vinil. Nos USA, o modelo foi comercializado, a partir desse ano, com o nome Volvo Coupé.
Seria contudo em 1981, último ano de comercialização, que chegaria a versão mais emblemática. Nesse ano, os automóveis da gama 200 sofreram uma atualização com um novo conjunto de faróis e pára-choques mais finos. O motor passou de B27E para B28E e com cilindros de maior volume e 14 cv extra e uma nova combinação de cores que incluía dois novos tons dourados.
O objetivo de produção era de 800 unidades/ano mas o excesso de procura provaria que esse número era escasso. À exceção de 1977, ano no qual a produção começou tarde e do último ano de comercialização, nos restantes anos a produção foi sempre superior ao dobro do inicialmente projetado. Em 1981, quando as últimas unidades foram vendidas, elas já eram consideradas modelos de colecionador. No total, entre 1977 e 1981, foram produzidas 6.622.
Seria em 1985 que a Volvo apresentou o sucessor do 262C, o Volvo 780. A colaboração com a Bertone continuou mas o 780 seria totalmente desenhado e construído em Itália.

Cinco curiosidades do Volvo 262C

  1. O Volvo 262C não foi o primeiro modelo de 2 portas da gama de modelos 260. Em 1976-77, foram produzidos 3.329 unidades 262 GL exclusivamente para o mercado norte-americano. Tinham uma carroçaria standard de 2 portas como o 242, mas com um motor V6 e a frente da gama 260.
  2. O 262C é o único Volvo a ser produzido de fábrica com teto de vinil.
  3. O protótipo produzido pela Coggiola faz parte da coleção do Museu da Volvo, em Gotemburgo.
  4. A empresa Solaire produziu uma edição cabrio do Volvo 262C em nome da Volvo Cars of North America. Esta produção teve apenas 5 unidades.
  5. O CEO da Volvo, Pehr G Gyllenhammar, tinha como viatura de serviço, um 262C muito especial. Na cor vermelha e com interior da mesma cor, não tinha o motor V6 normal incorporado mas sim um motor de 4 cilindros B21ET turbo. Os quadros e a grelha eram em preto mate o que realçava substancialmente a alta grelha preta que as versões GLT e Turbo iriam ter em 1984.

Ricardo Carvalho

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