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Depois de um longo historial de aventuras e desventuras, o Wrangler ressurgiu no final de 2018 com a essência de sempre, mas agora mais civilizado do que nunca. Moderno e com equipamento contemporâneo, continua a ser um verdadeiro todo-o-terreno “puro e duro”. Eis versão curta Rubicon de dois lugares e motor Diesel de 200 CV.

Este é um teste de paixão. Uma experiência ao volante de um modelo que, face à realidade dos atuais SUV, quase que podemos dizer que se encontra em vias de extinção. Falamos-lhe do novo Jeep Wrangler Rubicon, uma verdadeira instituição que desperta desejos de aventura, de natureza e de… lama.
E não é para menos: a Jeep é uma marca lendária e icónica do 4×4; o Wrangler é o herdeiro do mítico Willys; e Rubicon é a homenagem a um dos percursos todo-o-terreno mais duros do planeta que se localiza entre os Estados da Califórnia e do Nevada.
Mas, não é preciso irmos tão longe para comprovar até onde pode ir a quarta geração Wrangler. Como em edições anteriores, a aparência robusta e pensada para perdurar e suportar um trabalho intensivo é genuína. Um Wrangler vê-se a léguas, fruto de um estilo e desenho inconfundíveis que parecem ter sobrevivido sem mácula ao passar dos anos.

Detalhes como os guarda-lamas generosos, a grelha de sete barras verticais, os faróis circulares (agora em LED), o pára-brisas rebatível, as portas extraíveis… Tudo combina com este carro diferente que pode ser utilizado da forma mais radical do mundo.

Também descapotável

Até o tejadilho pode ser retirado de forma rápida e simples e ser deixado em casa. Para tal, e como acontecia com a nossa unidade, basta abrir um mecanismo junto do teto e retirar os painéis.Para 2019 o Wrangler “civilizou-se” com a inclusão de alguns gadgets tecnológicos. Agora encontramos uma câmara traseira que facilita as manobras de estacionamento (está localizada mesmo ao centro da roda suplente montada no portão traseiro), um dispositivo de alerta de ângulo morto e ainda um sistema multimédia atualizado. Este deriva do que é utilizado no renovado Grand Cherokee e conta com um ecrã tátil de 8,4 polegadas de funcionamento intuitivo e oferece uma grande multiplicidade de funções. Aqui, destaque para as “Off-Road Pages”, com várias informações, como a temperatura da transmissão, o ângulo de inclinação e direção, as coordenadas ou a posição dos bloqueios.

A carroçaria de três portas deste Jeep (também há versões de cinco portas e cinco lugares) oferece espaço generoso para dois ocupantes (convém não esquecer que em Portugal o Wrangler curto está homologado como veículo comercial para pagar menos impostos, logo esta variante só tem dois lugares e uma rede imediatamente atrás dos bancos). Os bancos são planos e poderiam segurar melhor o corpo em curva. A caixa de carga (sendo um veículo de trabalho será este o seu nome) pode ser acedida a partir da abertura do portão traseiro para o lado direito ou através da abertura indepentedente do vidro.
Em todo o caso, e apesar do salto tecnológico, o luxo não abunda, afastando-se dos materiais de qualidade, ainda que a montagem dos mesmos seja de bom nível.
Desde sempre apelidado como uma lenda do verdadeiro “off-road”, é inevitável que o Wrangler se sinta mais à vontade num ambiente de terra e lama do que no alcatrão. A dinâmica em asfalto melhorou, transmite mais segurança e surge mais refinada. Só se torna desconfortável quando suplantamos os 110 km/h, altura em que os ruídos do motor e aerodinâmico começam a chegar com maior intensidade ao habitáculo. De igual forma, existem vibrações provenientes dos pneus mistos desta versão Rubicon que obrigam a corrigir amíude uma direção demasiado desmultiplicada.
Porém, assim que pisa a terra, o seu esquema de suspensão de longo curso com eixos rigídos atrás e à frente (Dana 44, de montagem mais robusta do que nas versões convencionais) faz com que qualquer obstáculo pareça uma superfície lisa. Se em asfalto esta geração é mais fácil de conduzir, em todo-o-terreno revela excelentes capacidades para absorver todo o tipo de incidência.

Todo-o-terreno de raça

Em estradas de terra batida, rolando apenas com a tração traseira engrenada e em ritmo vivo, a condução é muito relaxada. As capacidades da transmissão são mais ambiciosas e o sistema Rock-Trac, de série no Rubicon, contempla a possibilidade de mudar, mesmo em andamento, de 4×2 para 4×4 (com dois modos: divide automaticamente o binário pelos dois eixos consoante as necessidade).
Em terrenos mais difíceis, com piso pouco aderente, zonas de pedras ou enfrentando fortes inclinações, o Rubicon oferece mais aliciantes para testar os seus limites. Assim, as redutoras são “das de verdade” e com uma relação de redução superior face à de outras versões. Para utilizadores realmente exigentes, conta ainda com o bloqueio do diferencial dianteiro e traseiro, e permite também desacoplar a barra estabilizadora dianteira para aumentar o curso dos amortecedores. A capacidade em vau é de 76 cm.

Potência adequada

Todas as qualidades referidas são enaltecidas pelo motor 2.2 CRD turbodiesel de 200 CV (substituiu o áspero 2.8 anterior), que não sendo um prodígio de rendimento (consome em média perto de 9,5 l/100 km) é a alma que permite ao Wrangler a boa desenvoltura tanto em asfalto como em terra. Pelo menos, o seu depósito de grandes dimensões possibilita uma autonomia mais elevada.
Não obstante, a entrega de binário é constante desde regimes de rotação mais baixos, ou seja, a caraterística ideal para se desenvencilhar dos obstáculos em fora-de-estrada que têm de ser “atacados” a baixas velocidades. A caixa automática de oito velocidades é suave e facilita a condução, seja de um condutor experiente ou de um aprendiz do 4×4. Na prática, existem poucos obstáculos que o Wrangler Rubicon não transponha, mais ainda nesta versão de chassis curto.
O pior é o preço que, mesmo tratando-se de um veículo comercial, não deixa de começar nos 59.500 euros… um valor elevado, mas que acaba por ser tão excêntrico como o próprio Wrangler.

Texto Juan Pablo Esteban Fotos Paulo Calisto

FICHA TÉCNICA

JEEP WRANGLER 2.2 CRD 200 CV 8AT 4X4 RUBICON

TIPO DE MOTOR Diesel, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 2.143 cm3
POTÊNCIA 200 CV às 3.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 450 Nm às 2.000 rpm
V. MÁXIMA 160 km/h
ACELERAÇÃO 9,6 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO 7,4 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 195 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.334 / 1.894 / 1.879 mm
PNEUS 285/70 R17
PESO 2065 kg
BAGAGEIRA N.D.
PREÇO 59.500 €
GAMA DESDE 59.500 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 53,69 €
LANÇAMENTO Outubro de 2018

Ricardo Carvalho

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